“Deus disse que ia acontecer e ninguém acreditou. Agora, está a acontecer”. Os recentes vídeos publicados nas redes sociais mostram as águas do Nilo pintadas de vermelho e pedem com urgência para que “o mundo acorde” e testemunhe a primeira praga, descrita na Bíblia. Mas não haverá explicação científica para a cor “sangrenta” do rio egípcio?

No livro sagrado, é Moisés quem alerta para as dez pragas do Egito, sendo a primeira aquela que transforma as águas do Nilo em sangue, matando todos os peixes e plantações nas margens, o principal meio de abastecimento da população.

A profecia de Moisés foi constantemente recordada por estes dias, no entanto, evidência científica mostra que a cor da água não tem a ver com uma maré de sangue, mas sim com uma “maré vermelha”.

Segundo o Live Science, “o súbito aparecimento de águas vermelhas pode ser causado pela proliferação de algas vermelhas”. Tal “surge quando determinadas condições permitem que um tipo de algas microscópicas se reproduza em grande número, levando a que as águas em que vivem pareçam ficar tingidas de um vermelho sangrento”.

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Ainda que não seja sangue, não significa que não possa ser prejudicial. Segundo o mesmo site, “as algas contêm uma toxina que se pode acumular nos moluscos e envenenar os animais que deles se alimentam”. Além disso, os vapores libertados pelas mesmas podem também ser propagados para o ar, “causando problemas respiratórios nas pessoas que vivem nas proximidades”.

Águas do Grande Canal de Veneza estão verdes fosforescentes. Autoridades investigam causas (mas não é a primeira vez que acontece)

Este fenómeno também se registou nos EUA, há poucos dias. Conhecido como “Barbie”, como o apelidou a CBS News, ocorreu num lago no Havai, que ficou cor de rosa do dia para a noite. As imagens foram captadas a 30 de outubro, estando o Refúgio Nacional de Vida Selvagem de Kealia Pond, em Maui, a analisar a evolução do “mar rosa”.

No caso do Havai, a cor tem origem num organismo chamado halobactéria, que, segundo o biólogo responsável pelo local, Bret Wolfe, “se desenvolve em massas de água com elevados níveis de sal”.

Já o que levou o lago Kealia a atingir o dobro da salinidade das águas do mar é algo que os especialistas ainda querem descobrir. No entanto, tudo aponta para que seja a seca a responsável.

Quando chove, a água do riacho Waikapu flui para a lagoa principal de Kealia e depois para a área de saída que agora está cor de russa. Isto poderá reduzir a salinidade da água”, explicou o canal norte-americano.

“Pode ser que isso faça com que desapareça”, acredita Wolfe, apesar de confessar que, em mais de 70 anos, tal nunca tinha acontecido. Pelo menos, não naquele lago.

Apesar de o vermelho e o rosa serem os protagonistas atuais, também já houve águas de outras cores. Em 2022, o lago Haiyaha, no Parque Nacional das Montanhas Rochosas (EUA), mudou subitamente para um “deslumbrante turquesa depois de um deslizamento de terras ter empurrado rocha esmagada para o lago”. E, segundo um estudo publicado na revista Geophysical Research Letters, as alterações climáticas levarão a que as águas dos lagos fiquem cada vez mais verdes, podendo o mesmo acontecer nos oceanos.