A Renault é mais um construtor que está a apostar tudo na mobilidade eléctrica, pelo menos para o mercado europeu, entregando a estratégia para este ataque a uma tecnologia que acredita ser o futuro à recém-criada Ampere, a divisão do Grupo Renault encarregada de desenvolver os futuros modelos eléctricos. E de acordo com Luca de Meo, CEO do Grupo Renault e da Ampere, o futuro desta passa não apenas pela concepção de novos veículos a bateria, mais eficientes e baratos, como ainda pelo desenvolvimento de software, em conjunto com a Qualcomm e a Google.

Este novo software vai pela primeira vez sair do habitáculo, onde esteve até aqui limitado ao infoentretenimento e às ajudas à condução, para abranger todo o veículo, indiciando que também irá gerir motores, baterias e sistema de carga, concorrendo assim abertamente com a Tesla. De Meo afirmou mesmo que pretende vender este novo software a outros construtores. Mais uma vez e tal como já fez anteriormente com a produção de motores eléctricos, células para as baterias e plataformas específicas, a Renault adere à estratégia do máximo investimento inicial, para depois obter custos mínimos por unidade, maximizando os lucros numa estratégia de longo prazo.

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Segundo o CEO, a Ampere vai desenvolver um conjunto de novos veículos para a Renault, para completar a actual oferta composta pelo Mégane E-Tech (proposto por valores acima de 38 mil euros), o primeiro da marca a recorrer a uma plataforma específica. A este vai seguir-se o Scénic, que chegará ao mercado no início de 2024 (por cerca de 40.000€), a que depois se vão juntar outros modelos a bateria dos segmentos A, B e C, que incluem os veículos citadinos (com cerca de 3,7 metros, como o actual Twingo), os utilitários (com as dimensões do Clio, com cerca de 4 metros de comprimento) e os compactos (entre 4,2 e 4,5 metros, como o Mégane), que perfazem o grupo dos modelos mais vendidos na Europa (onde o segmento C é o mais popular) e em Portugal (onde reina o B). Luca de Meo antecipa que estes dois segmentos, o B e o C, deverão representar 75% do mercado de EV em 2030.

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Menos de 20.000€ e um consumo mínimo. Twingo ganha nova vida em 2026

As propostas já conhecidas da Renault para o segmento A estão limitadas ao recém-apresentado futuro Twingo, agendado para 2026 com um consumo de 10 kWh/100 km e um preço de 20.000€. Para o segmento B o construtor francês avança com o R5, o sucessor do Zoe que é esperado em 2024 com um preço que arrancará nos 25.000€, a que se seguirá em 2025 o R4, um SUV do segmento B concebido sobre a base e mecânicas do R5 e um preço ligeiramente superior, explicado pelas maiores dimensões.

A oferta de eléctricos da Renault será completada depois com o lançamento de mais dois veículos a bateria, que deverão chegar ao mercado em 2027 e 2028. Ambos serão do segmento C, tal como o Mégane e o Scénic, mas já a usufruir do novo software e sistema de produção, de forma a reduzir custos.