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O poeta palestiniano Mosab Abu Toha, que estava detido desde domingo, foi libertado pelas autoridades israelitas esta terça-feira, dia 21. O finalista do National Book Critics Circle Award e publicado pela New Yorker foi separado da família num checkpoint militar quando se dirigiam a pé para a fronteira com o Egito.
A advogada e ex-porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, Diana Buttu, que é amiga de Abu Toha, afirma no X que o escritor, assim como mais de 200 pessoas, foi agredido e precisou de cuidados médicos.
????????????Update from @dianabuttu, Israeli forces released our dear friend @MosabAbuToha. They beat him, and he's currently seeking medical treatment.
There are hundreds more Palestinians illegally held by Israel, kidnapped, and disappeared while fleeing the bombing from the north…
— Laura Albast (@Lau_Bast) November 21, 2023
“Eles bateram-lhe no estômago. E esmurraram-no várias vezes.“, acrescentou ao New York Times.
De acordo com o The Times of Israel, as Forças de Defesa israelitas explicaram que o poeta foi detido para interrogatório, entre outros civis, devido a “informações que indicavam um número de interações entre vários civis e organizações terroristas dentro da Faixa de Gaza.” E acrescentaram que “foi libertado depois do interrogatório”.
Segundo disse o editor da New Yorker, David Remnick na rede social X — citado por um editor da mesma revista — Mosab foi levado pela autoridades israelitas para o sul de Israel para o interrogatório, mas regressou depois ao centro de Gaza tendo voltado para junto da sua família.
Some promising news: Just spoke to editor David Remnick, who told me that, according to two Israeli military officials, the poet Mosab Abu Toha, who lives with his family in Gaza, has been released.
— Michael Luo (@michaelluo) November 21, 2023
A organização de defesa da liberdade de expressão PEN América reagiu, também na rede social X, sublinhando que “os poetas e os escritores têm ser livres para dizer a verdade sem medo.”
We are relieved and grateful at the news that poet Mosab Abu Toha has been released and will be reunited with his family. Poets and writers must be free to speak truth without fear.
— PEN America (@PENamerica) November 21, 2023
Com 30 anos, Mosab Abu Toha já publicou em várias revistas, como a Nation, ou a Poetry Magazine. Aliás, na quinta-feira passada saiu o seu último poema, Gazan Family Letters, 2092, na revista Arrowsmith e em Outubro o New York Times publicou um ensaio seu.
Abu Toha tem desde o início da guerra entre o Hamas e Israel relatado no seu Instagram o resultado dos bombardeamentos israelitas em Gaza. A 20 de outubro a reputada revista norte-americana New Yorker publicou um texto do poeta, escrito na primeira pessoa a partir de Gaza, do campo de refugiados de Jabalia, onde o autor estava a viver temporariamente, a contar o que se passava. “Uma ideia em particular persegue-me e não consigo afastá-la. Será que eu também me vou tornar numa estatística nas notícias?”, perguntava.
E já este mês, no dia 6, publicou na mesma revista outro artigo intitulado A agonia de esperar por um cessar-fogo que nunca chega. “Sinto-me como se estivesse numa gaiola. Estou a ser morto todos os dias com o meu povo. As duas únicas coisas que consigo fazer são entrar em pânico e respirar. Aqui não há esperança”, escreveu.
A ligação de Abu Toha aos Estados Unidos não é recente. O seu filho mais novo, de três anos, tem nacionalidade norte-americana pois nasceu no país onde o pai usufruiu de uma bolsa de estudos como poeta visitante em Harvard. O poeta fez também uma pós-graduação no início deste ano na Universidade de Syracuse, onde lecionou como professor assistente.
Mosab Abu Toha é um poeta palestiniano premiado. Este ano figurou na lista de finalistas do prémio de poesia do National Book Critics Circle com o livro publicado em 2022: ThingsYouMayFindHiddeninMyEar: Poemsfrom Gaza e foi um dos vencedores do American Book Award de 2023. Em Gaza, é ainda conhecido por ser fundador da biblioteca pública Edward Said.