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O poeta palestiniano Mosab Abu Toha, que estava detido desde domingo, foi libertado pelas autoridades israelitas esta terça-feira, dia 21. O finalista do National Book Critics Circle Award e publicado pela New Yorker foi separado da família num checkpoint militar quando se dirigiam a pé para a fronteira com o Egito.

A advogada e ex-porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, Diana Buttu, que é amiga de Abu Toha, afirma no X que o escritor, assim como mais de 200 pessoas, foi agredido e precisou de cuidados médicos.

Eles bateram-lhe no estômago. E esmurraram-no várias vezes.“, acrescentou ao New York Times.

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Premiado poeta e autor palestiniano detido pelas autoridades israelitas quando tentava sair rumo ao Egipto

De acordo com o The Times of Israel, as Forças de Defesa israelitas explicaram que o poeta foi detido para interrogatório, entre outros civis, devido a “informações que indicavam um número de interações entre vários civis e organizações terroristas dentro da Faixa de Gaza.” E acrescentaram que “foi libertado depois do interrogatório”.

Segundo disse o editor da New Yorker, David Remnick na rede social X — citado por um editor da mesma revista — Mosab foi levado pela autoridades israelitas para o sul de Israel para o interrogatório, mas regressou depois ao centro de Gaza tendo voltado para junto da sua família.

A organização de defesa da liberdade de expressão PEN América reagiu, também na rede social X, sublinhando que “os poetas e os escritores têm ser livres para dizer a verdade sem medo.”

Com 30 anos, Mosab Abu Toha já publicou em várias revistas, como a Nation, ou a Poetry Magazine. Aliás, na quinta-feira passada saiu o seu último poema, Gazan Family Letters, 2092, na revista Arrowsmith e em Outubro o New York Times publicou um ensaio seu.

Abu Toha tem desde o início da guerra entre o Hamas e Israel relatado no seu Instagram o resultado dos bombardeamentos israelitas em Gaza. A 20 de outubro a reputada revista norte-americana New Yorker publicou um texto do poeta, escrito na primeira pessoa a partir de Gaza, do campo de refugiados de Jabalia, onde o autor estava a viver temporariamente, a contar o que se passava. “Uma ideia em particular persegue-me e não consigo afastá-la. Será que eu também me vou tornar numa estatística nas notícias?”, perguntava.

E já este mês, no dia 6, publicou na mesma revista outro artigo intitulado A agonia de esperar por um cessar-fogo que nunca chega. “Sinto-me como se estivesse numa gaiola. Estou a ser morto todos os dias com o meu povo. As duas únicas coisas que consigo fazer são entrar em pânico e respirar. Aqui não há esperança”, escreveu.

A ligação de Abu Toha aos Estados Unidos não é recente. O seu filho mais novo, de três anos, tem nacionalidade norte-americana pois nasceu no país onde o pai usufruiu de uma bolsa de estudos como poeta visitante em Harvard. O poeta fez também uma pós-graduação no início deste ano na Universidade de Syracuse, onde lecionou como professor assistente.

Mosab Abu Toha é um poeta palestiniano premiado. Este ano figurou na lista de finalistas do prémio de poesia do National Book Critics Circle com o livro publicado em 2022: ThingsYouMayFindHiddeninMyEar: Poemsfrom Gaza e foi um dos vencedores do American Book Award de 2023. Em Gaza, é ainda conhecido por ser fundador da biblioteca pública Edward Said.