As Nações Unidas (ONU) pediram, esta terça-feira, cerca de 1.645 milhões de euros para ajudar humanitariamenteseis milhões de pessoas vulneráveis no Sudão do Sul em 2024.

Segundo a ONU, cerca de nove milhões de pessoas estarão em situação vulnerável por causa da crise que afeta o país e esta ajuda humanitária é uma forma de travar o aumento de casos.

“Vamos trabalhar para apoiar o progresso das pessoas no sentido da autossuficiência, para que deixem de ter de depender da ajuda humanitária”, afirmou a coordenadora humanitária da ONU no Sudão do Sul, Marie-Helene Verney, no lançamento do Plano de Resposta às Necessidades Humanitárias de 2024 para o país africano.

Infelizmente, para a maioria da população, esperamos múltiplos choques, incluindo o impacto negativo das alterações climáticas, que continuarão a causar graves necessidades no próximo ano”, disse, antes de referir que, com “menos financiamento” do que em 2023, “a assistência será priorizada para apoiar as comunidades com mais necessidades”.

Verney explicou que “a realidade é que algumas pessoas terão necessidades às quais os trabalhadores humanitários não poderão responder”, razão pela qual sublinhou que “é importante que tenham acesso aos serviços básicos fornecidos pelo Estado”, no meio dos progressos do Governo de unidade na implementação do acordo de paz de 2018, que sofreu numerosos atrasos desde então.

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O gabinete de Verney afirmou que as necessidades diminuíram em partes do Sudão do Sul que registaram uma diminuição dos níveis de violência e onde a produção agrícola aumentou, embora a maioria da população do país enfrente dificuldades, com estimativas que sugerem que 7,1 milhões de sul-sudaneses estarão em situação de insegurança alimentar entre abril e julho de 2024.

A Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) mostra que 1,6 milhões de crianças correm um risco grave de subnutrição, enquanto o risco de violência baseada no género contra mulheres e raparigas continua elevado.

Esta situação é agravada por um aumento do número de populações vulneráveis devido à guerra que eclodiu a 15 de abril no vizinho Sudão, que continua ativa e levou à fuga de milhares de refugiados e ao regresso de sul-sudaneses que tinham anteriormente fugido para o país vizinho para escapar ao conflito no Sudão do Sul.

O gabinete de Verney recordou que o apelo humanitário de 2023 recebeu apenas 53,8% dos fundos solicitados e sublinhou que as organizações humanitárias, juntamente com as autoridades e os doadores, estão a trabalhar para promover soluções baseadas nas comunidades para alcançar a autossuficiência destas populações.

Apesar do declínio da violência devido ao conflito político na sequência do acordo de paz de 2018, o país tem registado um aumento dos confrontos intercomunitários, motivados sobretudo por roubos de gado e disputas entre pastores e agricultores nas zonas mais férteis do país, especialmente devido ao aumento da desertificação e à deslocação das populações.