O Canadá anunciou esta semana qual a percentagem de veículos não poluentes que deseja que sejam comercializados no país durante os próximos anos e os objectivos deixaram os construtores que disputam o mercado altamente preocupados. Não só o Canadá não é um país qualquer, graças ao seus 40 milhões de habitantes com um elevado poder de compra, como é o segundo mais interessante do continente americano, depois dos EUA.
O Governo canadiano quer que 20% de todos os veículos ligeiros comercializados a partir de 2026 sejam 100% eléctricos, entre berlinas, SUV e comerciais, para que em 2030 a fasquia seja elevada para 60%. O ciclo terminará em 2035, quando apenas poderão ser vendidos veículos alimentados pela energia armazenada na bateria ou produzida a bordo por células de combustível a hidrogénio. E este fecho gradual de um mercado com tão grande potencial aos motores de combustão – o que se estende aos híbridos e híbridos plug-in – está a deixar os construtores à beira de um ataque de nervos.
Os canadianos alegam que 22% dos gases com efeito estufa produzidos no país são responsabilidade dos meios de transporte e que a decisão agora anunciada concede à indústria o tempo necessário à adaptação às novas exigências, que não andam longe do que se pretende implementar na Europa. E tão pouco ficam longe do que a Califórnia e outros 17 estados norte-americanos pretendem impôr, impedindo a venda de modelos que não sejam eléctricos a bateria ou a fuel cells, além de híbridos plug-in, residindo nestes últimos a diferença face ao Canadá.
Ao anúncio do Governo canadiano, a indústria automóvel respondeu dizendo que os objectivos são demasiados ambiciosos e que os veículos eléctricos são muito caros. Chamou ainda a atenção para o facto de a rede de carregamento ser diminuta nas zonas rurais, neste país que possui apenas 40 milhões de habitantes (menos do que Espanha, França, Reino Unido ou Alemanha), o que não o impede de ser o segundo maior do mundo em área, recordou o presidente da associação canadiana de fabricantes de veículos, Brian Kingston.