As autoridades da Islândia estão a alertar para a possibilidade de a capital do país, Reiquejavique, ser afetada nas próximas horas por gases tóxicos com origem na erupção vulcânica que começou na segunda-feira e que continua em curso.
Numa atualização da informação publicada na tarde de terça-feira, o Instituto Meteorológico da Islândia (IMO na sigla inglesa) avisava que a pluma vulcânica, formada pelos gases que estão a ser emitidos pelo vulcão, se estava a deslocar para “oeste e noroeste” — pondendo afetar Reiquejavique nas horas seguintes.
Uma reportagem feita no local pela televisão americana ABC dava conta, na manhã desta quarta-feira, de como o IMO estava a lançar um alerta à população para a possibilidade de os gases poluentes chegarem à capital.
Intensidade da erupção vulcânica na Islândia está a diminuir
Perante a possibilidade de os gases tóxicos e perigosos para a saúde humana poderem atingir a capital, o IMO tem várias estações meteorológicas a medir a qualidade do ar em permanência.
Em entrevista à ABC, um voluntário que tem colaborado nos esforços de resgate a quem está na zona afetada, Pall Halldórsson, explicou que “a maioria das pessoas, neste momento, já sabe o que se passa”, pelo que existe uma maior atenção da generalidade da população aos perigos da erupção vulcânica.
Ainda segundo a mesma televisão, desde a erupção, na segunda-feira, o IMO detetou mais de 300 sismos, embora a intensidade da erupção tenha diminuído nas últimas horas.
A erupção vulcânica teve início pelas 22h17 de segunda-feira, na sequência de um terramoto que ocorreu por volta das 21h desse dia, na zona de Grindavík, península a sudoeste da capital islandesa.
As estradas da região foram encerradas e a proteção civil islandesa já avisou que esta erupção “não é uma erupção turística”, pelo que “é preciso observá-la de muito longe”.
Como explicou o The Washington Post, esta erupção tem características diferentes de outras. Enquanto a maioria das erupções aconteceram em lugares remotos, esta ocorreu muito perto da povoação de Grindavik, onde vivem mais de 3 mil pessoas e onde existe também uma central elétrica (que, até agora, não foram afetadas).
De acordo com a Reuters, o governo islandês já afirmou que a erupção “não representa uma ameaça à vida” humana, não havendo também grandes perturbações ao tráfego aéreo no aeroporto de Keflavík, que fica próximo da região da erupção.
Em 2021, 2022 e em julho, erupções vulcânicas, numa área desabitada próxima, tornaram-se grandes atrações turísticas, atraindo cerca de 680 mil visitantes, segundo o Conselho de Turismo da Islândia.
Em outubro, foram detetados sinais de dilatação do solo perto da “Lagoa Azul”, famosos banhos quentes de águas azul-turquesa muito frequentados pelos turistas. O local reabriu parcialmente no domingo.
Até março de 2021, a península de Reykjanes, a sul da capital Reiquiavique, tinha sido poupada de erupções durante oito séculos. Desde então, ocorreram outros dois, em agosto de 2022 e julho de 2023, um sinal, para os vulcanologistas, de retomada da atividade vulcânica na região. Trinta e três sistemas vulcânicos são considerados ativos nesta terra de fogo e gelo, a região mais vulcânica da Europa
Em 11 de novembro, os moradores de Grindavik foram retirados por precaução, após centenas de terremotos causados pelo movimento de magma sob a crosta terrestre, um potencial sinal de alerta de uma erupção vulcânica. Edifícios e estradas da cidade foram amplamente danificados por esta atividade sísmica.
Em 2010, o vulcão Eyjafjallajökull, no sul da ilha, causou a maior perturbação no tráfego aéreo em tempos de paz, um registo entretanto ‘eclipsado’ pela pandemia de Covid-19.