Massimo, o proprietário de um restaurante italiano, e Dee, a sua mulher britânica, tiveram um acordar terrível quando perceberam que as suas contas bancárias foram congeladas durante a noite. Tudo aconteceu devido às medidas pós-Brexit impostas pelo Reino Unido, que invalidou os cartões de residência permanente de milhares de cidadãos da União Europeia, como é o caso de Massimo e Dee, que não quiseram divulgar o apelido. Ao The Guardian, o casal lamenta que, mesmo depois de 21 anos a pagar impostos em território britânico, tenham sido abrangidos pela medida.

Massimo e Dee depararam-se pela primeira vez com esta situação quando foram avisados por um fornecedor por alegada falta de pagamento. O casal tinha acabado de chegar a Belfast oriundo de Kent e, nessa movimentação, encerrou a sua conta comercial inglesa no Santander e abriu uma nova conta com endereço da Irlanda do Norte.

Porém, pouco depois, o acesso à nova conta foi bloqueado e Massimo também perdeu o acesso à sua conta pessoal. “Tivemos que fechar as portas do nosso negócio porque não podíamos pagar aos fornecedores e tínhamos acabado de abrir o restaurante. Estávamos a expandir o negócio e ninguém no Santander estava preparado para discutir isso connosco”, afirmou Dee.

O casal, posteriormente, percebeu que Massimo deveria ter solicitado atempadamente o estatuto de residente permanente, algo em que “nunca pensou”. “É como se tivesse sido rejeitado por um país onde estou há mais de 20 anos e não fiz nada de errado. Tem sido horrível”, contou o homem ao The Guardian.

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De modo a conseguir aceder à conta, o casal viu-se obrigado a remover Massimo do cargo de diretor do negócio e, depois de algumas semanas, a conta acabou por ser descongelada. Porém, a conta pessoal do homem continua bloqueada, com o Santander a garantir estar a “investigar a reclamação”.

Para o the3million, um grupo de campanha de cidadãos da União Europeia, esta decisão do governo britânico é “vergonhosa”, pois dificulta a obtenção do estatuto de residente na UE para os cidadãos como o proprietário de restaurante.

A partir de agosto, não saber que tem que se inscrever no esquema de liquidação, mesmo que tenha recebido um documento a confirmar os direitos de residência anteriormente, não é considerado um motivo razoável para se inscrever com atraso”, afirmou Andreea Dumitrache, chefe-executiva interina do grupo de campanha.