As ofensas sexistas e racistas a atletas nas redes sociais X (antigo Twitter) e Instagram, durante os Mundiais Budapeste2023, tiveram um aumento de 500% em relação a 2022 e os atletas negros como principais alvos, indica um estudo, esta sexta-feira, revelado.

Os abusos ocorreram maioritariamente na rede social X e foram sobretudo direcionados a atletas negros, com invocações de imagens de macacos e a utilização da palavra N [termo em inglês que se refere à palavra racialmente ofensiva ‘nigger‘], refere a World Athletics (WA).

O organismo que tutela o atletismo mundial divulgou, esta sexta-feira, os resultados de um estudo realizado durante os Mundiais Budapeste2023, no qual indica terem sido “analisadas 449.209 postagens e comentários nas contas de 1.344 atletas, com 1.666 contas ativas nas duas redes sociais”.

A WA refere que o “estudo identificou exemplos notáveis de abusos sexistas e racistas” e “mostrou que a rede social X foi o canal preferido dos abusadores, tendo sido o canal de 90% dos abusos detetados, com um aumento relativo de 500%”, em comparação com o realizado durante os Mundiais Oregon2022, que decorreram na cidade norte-americana entre 15 e 24 de julho.

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Os resultados mostram que “o abuso de cariz racista representou mais de um terço de todos os abusos, um aumento de 14% em relação a 2022“, e evidenciam um crescimento do abuso sobre atletas do sexo masculino, cifrando a divisão por sexos nos 49% sobre homens e 51% relativamente a mulheres.

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O organismo que tutela o atletismo mundial refere ainda que “dois atletas, entre os 1.344 monitorizados, foram os alvos de 44% dos abusos registados”.

Jon Ridgeon, antigo atleta e atual diretor-executivo da WA, lembrou que “o atletismo é o desporto olímpico número um e tem a responsabilidade de proteger os atletas, dentro e fora do campo de jogo”, garantindo: “Estamos a entrar num ano olímpico e teremos muita atenção a este fenómeno. Queremos ter reuniões urgentes com estas plataformas para alcançar um maior nível de fiscalização e salvaguarda para os nossos atletas”.

“Os atletas não deveriam ter que aceitar o abuso como uma consequência inevitável de estarem nessas plataformas”, disse o antigo atleta britânico.

A WA garante que está a “investir em sistemas adicionais, incluindo o uso de inteligência artificial (IA) para proteger ainda mais os atletas de abusos online, mantendo os seus feeds sociais livres de ódio e permitindo-lhes concentrar-se no seu desempenho”.

O estudo, esta sexta-feira, divulgado é o terceiro realizado pela WA, ao que se seguirá um quarto durante os Jogos Olímpicos Paris2024, e faz parte de um projeto da WA, que tem como principal objetivo compreender a dimensão e gravidade dos abusos online que os atletas enfrentam durante grandes eventos desportivos.