Os construtores chineses de automóveis não usufruem das mesmas condições dos seus concorrentes ocidentais na disputa de clientes, essencialmente porque muitas das marcas chinesas são pertença do Estado comunista e por ele subsidiadas. E até as que não são controladas directamente pelo Estado chinês usufruem de vantagens para se tornarem mais competitivas no estrangeiro. Esta situação tem tido o condão de irritar os construtores ocidentais, o que levou já a França a reagir, tendo motivado igualmente os EUA a preparar uma resposta à altura.
Marca chinesa Nio perde 35.000$ por carro produzido. Mas a China paga
Qualquer construtor estrangeiro, seja ele europeu ou norte-americano, que deseje comercializar os seus veículos na China enfrenta o poder discricionário do Estado chinês, que impõe regras a seu bel-prazer. Para a generalidade dos fabricantes, para vender mais do que umas míseras unidades naquele que é o maior mercado do mundo para automóveis, estejam eles equipados com motores de combustão, híbridos ou eléctricos, é necessário investir numa fábrica na China para a sua produção. Mas 50% dessa unidade fabril terão que ser “oferecidos” a um sócio local – um outro fabricante chinês concorrente, mas pertença do Estado –, que assim poderá deitar mão a todas as tecnologias proprietárias que o concorrente estrangeiro possua.
Marca chinesa Nio perde 35.000$ por carro produzido. Mas a China paga
O único fabricante de automóveis a quem foi permitido desrespeitar a cartilha chinesa foi a Tesla, que exigiu ser a única proprietária da Gigafactory Xangai. Não obstante, a imprensa americana está convencida que isso não bastou para impedir que os seus segredos passassem para as mãos dos chineses. Mas nada disto é exigido aos fabricantes chineses quando pretendem disputar os mercados ocidentais, o que, para além de incompreensível, acaba por justificar a aplicação de impostos adicionais pelos Estados que se sentem vítimas de um tratamento desigual.
União Europeia quer comércio “sem distorções” de carros elétricos com a China
Os EUA, que já cobram 25% a todos os veículos eléctricos chineses que entram no mercado, além dos adicionais 2,5% por serem produtos automóveis, preparam-se agora para incrementar taxas sobre vários produtos feitos na China, como baterias para veículos eléctricos, painéis solares e afins. Mas as taxas poderão ser reduzidas para outros produtos que não são vistos como estrategicamente importantes para os EUA.
Von der Leyen critica concorrência de chineses “fortemente subsidiados” na UE
A administração Biden está apostada em defender a indústria automóvel norte-americana, os postos de trabalhos americanos e os interesses das empresas locais. Acusando os chineses de “estarem determinados a dominar o mercado dos veículos eléctricos recorrendo a práticas de concorrência não aceitáveis”, o Governo norte-americano assegura que não o “vai permitir”.
Investigação de subvenções a carros chineses pode agravar tarifas aduaneiras
A partir de Janeiro de 2024, a legislação dos EUA vai impedir os eléctricos vindos da China de aceder às ajudas de 7500 dólares do sistema federal americano. E isto vai limitar consideravelmente a competitividade dos automóveis eléctricos chineses à venda nos EUA. Tal não inibe os norte-americanos de penalizar ainda mais a entrada no mercado dos carros eléctricos chineses.