As vendas de gás natural por Moçambique ascenderam a 1.177 milhões de dólares (1.059 milhões de euros) até setembro, mais do dobro de todo o ano de 2022, aproximando-se do carvão, que continua como principal produto de exportação.
De acordo com um relatório detalhado do Banco de Moçambique sobre o volume das exportações do país, com dados dos três trimestres de 2023 e ao qual a Lusa teve acesso esta sexta-feira, a exportação de gás natural bateu o recorde no terceiro trimestre, ultrapassando os 500 milhões de dólares (450 milhões de euros), contra os mais de 335 milhões de dólares (301 milhões de euros) no anterior.
Em todo o ano de 2022, as exportações de gás natural de Moçambique ascenderam a 541 milhões de dólares (487 milhões de euros) e a cerca de metade no ano anterior, segundo o histórico disponibilizado pelo Banco de Moçambique.
Ainda no terceiro trimestre, Moçambique exportou mais de 574 milhões de dólares (516 milhões de euros) em carvão mineral, que ainda se mantém na liderança dos produtos vendidos pelo país africano ao exterior. No total dos três trimestres, Moçambique exportou quase 1.619 milhões de dólares (1.457 milhões de euros) em carvão e em todo o ano de 2022 cerca de 2.852 milhões de dólares (2.567 milhões de euros), o dobro face a 2021.
Globalmente, as exportações moçambicanas somaram 3.714,9 milhões de dólares (3.344 milhões de euros) de janeiro a setembro, mas em 2022 tinham batido o recorde, com mais de 8.280,9 milhões de dólares (7.464 milhões de euros) em vendas ao exterior, impulsionadas pelo carvão.
O aumento nas exportações de gás natural é explicado pelo arranque, no final de outubro de 2022, da operação na Área 4, pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma joint venture em copropriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão, cuja produção de gás natural arrancou em 2022. A Galp, Kogas (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detêm cada uma participação de 10%.
A Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, já discute com o governo moçambicano o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira e designada Coral Norte, para aumentar a extração de gás, disse à Lusa, no mês passado, fonte da petrolífera italiana.
Este plano envolve, nomeadamente, a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG, para a área Coral Norte, idêntica à que opera na extração de gás, desde meados de 2022, na área Coral Sul.
“A Eni está a trabalhar para o desenvolvimento do Coral Norte através de uma segunda FLNG em Moçambique, aproveitando a experiência e as lições aprendidas na Coral Sul FLNG, incluindo as relacionadas com custos e tempo de execução”, acrescentou a mesma fonte da petrolífera, operador delegado daquele consórcio.
Um documento divulgado anteriormente, elaborado pela firma moçambicana Consultec para a petrolífera Eni, aponta tratar-se de um investimento de sete mil milhões de dólares (6,3 mil milhões de euros), sujeito a aprovação do governo moçambicano.
Se o cronograma correr como previsto, a plataforma começará a produzir no segundo semestre de 2027, ou seja, poderá arrancar ainda antes dos projetos em terra, que dependem de implicações de segurança devido à insurgência armada em Cabo Delgado.
A Coral Norte ficará estacionada 10 quilómetros a norte da Coral Sul cuja produção arrancou em novembro do ano passado, tornando-se no primeiro projeto a tirar proveito das grandes reservas da bacia do Rovuma.