A China pediu esta sexta-feira “calma e contenção a todas as partes”, depois de a Coreia do Norte ter disparado mais de 200 projéteis perto da fronteira com o Sul.

Pequim espera que as partes “se abstenham de tomar medidas que agravem as tensões (e) evitem uma nova escalada”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

A Coreia do Norte lançou esta sexta-feira manobras de artilharia com fogo real perto da fronteira marítima com o Sul, em violação de um acordo de 2018, levando Seul a reagir com exercícios semelhantes.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul anunciou que o Norte disparou 200 tiros para águas a norte da fronteira marítima, a oeste da península, perto das ilhas de Yeonpyeong e Baengnyeong, e garantiu uma resposta, embora não tenha avançado pormenores.

Mas o Ministério da Defesa do país foi mais longe. Segundo a Reuters, afirmou que as brigadas de fuzileiros navais baseadas nas ilhas Yeonpyeong e Baengnyeong dispararam para o mar a sul da fronteira NLL (Northern Limit Line), naquilo que qualificou como uma “resposta operacional esmagadora”. E explicou que os exercícios sul-coreanos envolveram artilharia mecanizada e tanques.

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Moradores da ilha de Yeonpyeong, situada junto à fronteira, disseram que os militares sul-coreanos lhes pediram para se retirarem das suas casas, como “medida preventiva”, porque pretendiam lançar exercícios de tiro marítimo esta sexta-feira.

Também foi pedido aos residentes de Baengnyeong que abandonassem as suas casas, disseram à agência de notícias France-Presse (AFP) as autoridades da ilha situada a cerca de 100 quilómetros de Yeonpyeong.

“Estamos a fazer anúncios de evacuação neste momento”, disse à AFP um responsável de Baengnyeong, acrescentando que foi informado pelos militares sul-coreanos de que iriam realizar em breve um exercício naval.

Num comunicado, o Ministério da Defesa sul-coreano descreveu as manobras do Norte como “um ato de provocação que ameaça a paz na península” e instou Pyongyang a “cessar imediatamente estas ações”.

A fronteira marítima entre as duas Coreias tem sido palco de várias batalhas marítimas desde 1999. O regime de Pyongyang lançou, em 2010, 170 tiros de artilharia contra a ilha de Yeonpyeong, matando quatro pessoas, incluindo dois civis.

Num acordo militar celebrado em 2018, Pyongyang e Seul prometeram não realizar exercícios de fogo real nem realizar atividades de vigilância aérea em zonas de exclusão aérea e zonas tampão estabelecidas ao longo da sua fronteira.

No entanto, em 22 de novembro passado a Coreia do Sul anunciou a suspensão parcial do acordo, depois de o Norte ter colocado em órbita o seu primeiro satélite militar espião. Um dia depois, Pyongyang respondeu, suspendendo por completo o acordo.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, apelou ao aumento da produção de lançadores de mísseis, informou a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.

Os exercícios do regime de Pyongyang acontecem um dia depois de os exércitos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos terem lançado manobras com fogo real perto da fronteira terrestre com o Norte, que terminam esta sexta-feira.

Os meios de comunicação social norte-coreanos criticaram estas manobras conjuntas, com a agência oficial KCNA a descrever os exercícios e algumas das manobras com fogo real como ações autodestrutivas.

Coreia do Sul suspende parcialmente acordo militar com Norte devido a satélite militar