Três anos depois da tentativa de insurreição, cuja violência resultou em várias mortes, a agência federal de investigação FBI continua a pedir ajuda ao público para identificar dezenas de indivíduos envolvidos no assalto, incluindo a localização de Evan Neumann, Jonathan Daniel Pollock e Adam Villarreal.

O mais recente ponto de situação publicado pelo gabinete do procurador-geral do distrito de Columbia, Matthew M. Graves, contabiliza em 2,8 milhões de dólares os danos causados pelo assalto.

É já a investigação mais vasta de sempre na história do Departamento de Justiça, que ainda não conseguiu identificar os responsáveis pela colocação de bombas artesanais à porta dos escritórios dos comités dos partidos Democrata e Republicano, na véspera da invasão.

As sentenças tramitadas em julgado vão da detenção em casa a longas penas de prisão. Enrique Tarrio, antigo líder do grupo extremista Proud Boys, foi condenado a 22 anos; Stewart Rhodes, fundador da milícia Oath Keepers, recebeu 18 anos; Joseph Biggs, ex-líder dos Proud Boys, foi condenado a 17 anos. Vários outros receberam entre 12 e 15 anos.

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Ainda assim, as posições do eleitorado em relação ao assalto e à ação judicial estão mais polarizadas que nunca.

Depois de um período em que a sólida maioria dos eleitores condenou a invasão e a considerou uma ameaça à democracia, a simpatia de uma porção do eleitorado pelos atacantes e por Donald Trump aumentou.

É o que mostra uma nova sondagem do Washington Post e Universidade de Maryland, segundo a qual apenas 53% dos inquiridos responsabilizam Trump pelo ataque. Essa percentagem era de 60% em 2021.

A sondagem revela ainda que 25% dos inquiridos acreditam que foi o FBI que instigou o ataque no Capitólio, depois de anos de desinformação por vários órgãos de comunicação de extrema-direita. A percentagem é maior (39%) entre os que dizem ver sobretudo a Fox News e ainda mais elevada (44%) entre os eleitores republicanos.

Sete em cada dez republicanos consideram que a reação à invasão é exagerada e chegou o momento de deixar o caso para trás.

Esse cenário é improvável tendo em conta que, em 2024, o foco estará nos dois julgamentos criminais de Donald Trump relacionados com a insurreição e a tentativa de subverter os resultados das eleições presidenciais de 2020.

O Departamento de Justiça acusa Trump de quatro crimes: conspiração para defraudar os Estados Unidos; conspiração para violar direitos civis; conspiração para obstruir a certificação dos resultados eleitorais; e obstrução da certificação dos resultados eleitorais.

Este processo é federal, resulta da investigação do procurador especial Jack Smith e será conduzido no Distrito de Columbia. A juíza Tanya Chutkan marcou o julgamento para 04 de março, mas pausou os procedimentos enquanto o tribunal de recurso de DC analisa o argumento de imunidade de Trump por ser presidente quando estes eventos ocorreram.

O segundo processo é estadual e decorre na Geórgia, com investigação liderada pela procuradora-geral Fani Willis. Trump enfrenta 13 acusações relacionadas com a tentativa de reverter a vitória de Biden no estado da Geórgia e enviar eleitores falsos para a votação do Colégio Eleitoral.

A procuradoria propôs a data de 05 de agosto de 2024 para o início do julgamento. Ao contrário do que acontece nos casos federais, se Trump for condenado não se pode perdoar a si próprio se voltar à Casa Branca, nem receber um perdão do governo da Geórgia. Os perdões são decididos por um organismo independente.