O presidente do Chega, André Ventura, disse esta quarta-feira esperar que o Ministério Público investigue a alegada agressão a um jornalista do Expresso num evento na Universidade Católica e afirmou que não se apercebeu do que estava a acontecer.
“Espero que Ministério Público veja mesmo o que aconteceu, porque há centenas de testemunhas“, afirmou o líder do Chega, numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
André Ventura disse não se ter apercebido da situação e recusou responsabilidades, indicando que não há “nenhuma ligação” entre os jovens envolvidos e o partido.
Baseando-se em comentários nas redes sociais de “centenas de testemunhas”, alegou que, “aparentemente”, quando foi abordado para sair da sala, o jornalista “reagiu, provocando os jovens” que se dirigiram a ele.
Chega nega responsabilidades no caso de jornalista que denunciou agressões em evento com Ventura
“Agora, o Ministério Público tem de fazer o seu trabalho”, defendeu. André Ventura recusou também ter existido intimidação por parte do seu segurança pessoal.
“Tanto quanto sei, não. Houve intervenção por parte de responsáveis da comunicação e do staff para acalmar os ânimos e garantir que todos estavam em segurança”, afirmou.
O presidente do Chega indicou que a universidade transmitiu ao partido que “os jornalistas não estavam autorizados a entrar” e apesar de a convocatória apenas restringir o acesso a repórteres de imagem, outros órgãos de comunicação “não entraram, perceberam a mensagem”.
Questionado sobre declarações como as que fez no X — “às vezes é preciso pôr os jornalistas no lugar” — podem incitar à violência, André Ventura recusou tratar-se de hostilidade e defendeu que “se os jornalistas falham, também há que o dizer”.
Às vezes é preciso pôr os jornalistas no lugar. Nunca querem falar de corrupção, como se não fosse por causa desta podridão do regime que estamos à beira de novas eleições. pic.twitter.com/HRCa12Zceb
— André Ventura (@AndreCVentura) January 15, 2024
O presidente do Chega disse repudiar “qualquer agressão” e que “quem autorizou a entrada” do jornalista no evento “não foi o Chega, foi a Católica”.
O Chega já tinha negado esta sexta-feira, em comunicado, responsabilidades na entrada e expulsão do jornalista do Expresso que denunciou ter sido agredido num evento da Universidade Católica onde estava André Ventura, remetendo-as implicitamente para os organizadores.
Um jornalista do semanário Expresso afirmou na terça-feira ter sido agredido num evento com o líder do Chega na Universidade Católica, em Lisboa, mas a organização negou, admitindo apenas que o profissional “foi removido” da sala.
A alegada agressão terá ocorrido num evento organizado pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da Universidade Católica Portuguesa, intitulado “Conversas Parlamentares”, no qual participou André Ventura, no âmbito de um ciclo de palestras para o qual foram convidados vários líderes partidários.
Segundo notícia divulgada pelo Expresso, o jornalista que afirma ter sido agredido alega que a sua entrada na sala onde estava André Ventura “foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório”.
Este profissional relatou que ainda que conseguiu presenciar os primeiros dez minutos da intervenção de Ventura, até ter sido abordado várias vezes por jovens dizendo-lhe que não podia estar no auditório.
Depois, “dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento — deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional”, que foi devolvido “após intervenção de um dos assessores de André Ventura”.