“Enquanto cidadãos preocupados que acreditam no poder da ciência para melhorar as nossas vidas e a nossa relação com o planeta, imploramos que votem a favor das novas técnicas genómicas, alinhando as vossas decisões com os avanços do conhecimento científico”, lê-se na carta aberta.

Os subscritores da iniciativa coordenada pela organização WePlanet, centenas de “cidadãos preocupados”, entre os quais cinco laureados com o Prémio Nobel e mais de mil cientistas, consideram que “agora, mais do que nunca”, é preciso “ultrapassar a ideologia e o dogmatismo”.

“Nestes tempos de crise climática, perda de biodiversidade e insegurança alimentar renovada, uma abordagem científica e baseada em provas é essencial em todos os aspetos”, prosseguem os autores.

E explicam: “O melhoramento convencional de culturas resistentes ao clima (com cruzamento de certas características, seleção subsequente e retrocruzamento para eliminar as características indesejáveis) é demasiado moroso. Demora anos, décadas até. Não dispomos desse tempo numa era de emergência climática”.

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“Há também muitas plantas que, devido às suas características genéticas específicas, são muito difíceis de reproduzir por meios convencionais, como as árvores de fruto, as videiras ou as batatas. E acontece que estas culturas requerem a maior parte dos pesticidas nocivos utilizados na União Europeia para proteção contra pragas e doenças”, lê-se no documento.

Os especialistas indicam que, “tal como acontece com a resiliência climática, as novas técnicas genómicas “podem melhorar drasticamente esta situação”.

“As novas técnicas genómicas ajudam a tornar as plantas cultivadas resistentes às doenças através de edições precisas e direcionadas do seu código genético, tornando assim possíveis os nossos objetivos ambiciosos e vitais de redução dos pesticidas, ao mesmo tempo que protegem os rendimentos dos agricultores”.

E sublinham: “Não é de surpreender que muitos dos agricultores europeus que trabalham arduamente – incluindo um número crescente de produtores biológicos – sejam apoiantes entusiásticos das novas técnicas genómicas”.

Os autores defendem que os métodos de melhoramento rápidos, direcionados e favoráveis devem ser acrescentados à caixa de ferramentas dos melhoradores de plantas.

“O projeto de lei sobre a regulamentação das plantas NTG [Novas Técnicas Genómicas] é, por conseguinte, um passo importante que apoiamos tendo em conta a nossa missão de reforçar a sustentabilidade ambiental na alimentação, agricultura e energia. A utilização responsável das NTG que a legislação poderá desbloquear pode contribuir significativamente para a nossa busca coletiva de um futuro mais resiliente, ambientalmente consciente e com segurança alimentar”, adiantam.

Os subscritores avançam que estas técnicas “extremamente promissoras para uma agricultura sustentável, uma maior segurança alimentar e soluções médicas inovadoras” também se podem traduzir em “novos empregos e numa maior prosperidade económica”.

Um relatório recente, revelam, “mostrou que a não autorização das NTG poderia custar à economia europeia 300 mil milhões de euros por ano em ´benefícios perdidos` em vários setores. Este é o custo de dizer ´não` ao progresso científico”.

Os cientistas encorajam o Parlamento Europeu a “dialogar com a esmagadora maioria dos agricultores e peritos genuínos e não com os lobistas reativos anticiência da bolha de Bruxelas”.

E referem que “os líderes africanos, por exemplo, estão a acompanhar de perto a decisão” do Parlamento Europeu, “tal como os cientistas africanos que têm mandioca, banana, milho e outras culturas de base resistentes às alterações climáticas prontas para serem utilizadas”.