O cabeça de lista do PS pelo Porto, Francisco Assis, manifestou-se, esta quinta-feira, contra a convocação de uma manifestação anti-islâmica em Lisboa, no dia 3 de fevereiro, considerando-a uma afronta aos princípios e valores da ordem constitucional.
“Estamos perante uma clara afronta a princípios e valores que fundamentam a nossa ordem constitucional. Não pode haver a mais pequena tolerância para com os inimigos do Estado democrático de direito”, sustentou Francisco Assis.
Na declaração que enviou à agência Lusa, Francisco Assis, dirigente socialista e atual presidente do Conselho Económico e Social, saudou também a posição esta quinta-feira tomada pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes “em relação à indecorosa manifestação de cunho notoriamente racista que um grupo de vândalos da extrema-direita pretende levar a cabo”.
A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares afirmou, esta quinta-feira, que é “frontalmente contra” a manifestação agendada para a zona do Martim Moniz, em Lisboa, para protestar “contra a islamização da Europa”.
Ministra dos Assuntos Parlamentares “frontalmente contra” manifestação anti-islamização
Sobre “a ideia de uma manifestação contra a islamização, que é assim que está anunciada e a ser verdade que ela se vai realizar [segundo o] que está nas redes sociais, devo dizer sou frontalmente contra qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência. Portanto, por maioria de razão, sou contra essa manifestação”, afirmou Ana Catarina Mendes.
“Qualquer manifestação que incite o ódio não merece o meu acordo”, completou.
Esta quinta-feira foi tornada pública uma carta aberta promovida por várias associações de imigrantes e antirracistas, com cerca de 6.500 subscritores, para pedir a proibição de uma manifestação “Contra a Islamização da Europa” anunciada para Lisboa por grupos online de extrema-direita.
“Movimentos de extrema-direita estão a organizar uma ação criminosa contra os imigrantes de origem asiática, que elegeram como alvo, para o dia 3 de fevereiro, em Lisboa, na zona do Martim Moniz e Rua do Benformoso, precisamente por serem as ruas com mais imigrantes do país, sobretudo de origem islâmica, reivindicando o fim da ‘islamização da Europa'”, escrevem os autores da carta aberta que, ao final da manhã desta quinta-feira tinha cerca de 6.500 subscritores, entre os quais 173 estruturas coletivas.
“É manifesto que, nos últimos tempos, a comunidade de imigrantes em Portugal, em especial provenientes do sul da Ásia: Bangladesh, Nepal, Índia e Paquistão, tem sido objeto de uma campanha de desinformação e ódio, em especial nas redes sociais”, pode ler-se no documento.
“As ruas de Portugal são cada vez menos seguras para as pessoas imigrantes”, resumem os promotores.
Na quarta-feira, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados salientou que qualquer manifestação que incite a xenofobia e o discurso de ódio racial deve ser proibida pelas autoridades, porque viola a legislação.
“Qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência é uma manifestação que, obviamente, deve ser proibida”, afirmou à Lusa Cristina Borges de Pinho.