O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou esta quarta-feira para a necessidade de medidas que retenham profissionais no Serviço Nacional de Saúde e evitem um novo êxodo para unidades privadas ou para o estrangeiro.

O SEP realizou esta quarta-feira uma conferência de imprensa junto ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal, para denunciar esta situação.

Segundo Zoraima Prado, dirigente do SEP para a área de Setúbal, os enfermeiros estão em exaustão e só no Hospital Garcia de Orta dos 78 enfermeiros 63 pediram para sair dos serviços onde estão por essa razão.

Mas a realidade deste hospital, que deveria ter uma equipa de pelo menos 130 profissionais, adiantou, é uma amostra do que se passa em todas as unidades hospitalares do país e em muitos casos os enfermeiros acabam por sair não só do SNS como do país.

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“Todos os serviços hospitalares estão com um défice de 40 por cento dos enfermeiros”, frisou Zoraima Prado em declarações à agência Lusa.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses considera que a saída de profissionais do SNS e consequente falta de meios contribuem para a elevada mortalidade constatada e alertou para novos problemas criados em algumas Unidades Locais de Saúde.

A título de exemplo, o SEP adianta que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo não acautelou a vinculação de enfermeiros com vínculo precário e não finalizou o processo de avaliação e progressão de muitos dos enfermeiros, mantendo dívidas das progressões que não concretizaram, algumas com retroativos por pagar há mais de dois anos.

E em alguns casos, refere o sindicado, “como é exemplo o Hospital Garcia de Orta, atual Unidade Local de Saúde de Almada Seixal, têm progressões para concretizar há mais de um ano e processos de Avaliação do Desempenho por finalizar“.

“O trabalho extraordinário avoluma-se. Mesmo em serviços que chegaram a dispensar enfermeiros e diminuir o número de camas para internamento e que têm agora que ser reabertas, como seria previsível, não conseguem assegurar condições seguras para a prestação de cuidados a estes doentes por falta de profissionais”, adianta o SEP numa nota explicativa sobre a iniciativa de hoje.