O Conselho de Redação da TSF manifestou esta quinta-feira “profunda apreensão” com fim dos noticiários nas madrugadas ao fim de semana e apelou à ERC que se pronuncie “o mais rapidamente possível” sobre o processo à Global Media.
“Apelamos a que o mais rapidamente possível a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) se pronuncie sobre o processo administrativo ao grupo Global Media e que, em paralelo, os acionistas encontrem uma fórmula de suprir o impasse em que o GMG se encontra”, lê-se no comunicado do Conselho de Redação (CR) a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira.
O órgão expressa ainda “uma profunda apreensão perante duas situações que, neste momento, tornam o funcionamento da TSF ainda mais preocupante do que já era: o preenchimento das escalas das madrugadas e o funcionamento do ‘site'”.
Os jornalistas da rádio da Global Media foram “surpreendidos com a recente atualização do mapa com as escalas de fevereiro, que deixa de contemplar a existência de noticiários nas madrugadas de fim de semana, sendo que não é claro, porque não houve qualquer comunicação prévia, se se trata de uma situação apenas aplicável ao atual mês ou se é para manter daqui para a frente”.
Esta supressão, adianta o CR, acontece, “em primeira instância, pelo facto da Comissão Executiva (CE), agora demissionária, não ter assegurado a renovação de contratos a dois jornalistas” e, “no seguimento, o diretor interino teve a garantia da CE de que seria possível contratar duas pessoas para editar as madrugadas”.
Algo que o CR colocou reservas, já que a Comissão Executiva liderada por José Paulo Fafe, que apresentou a demissão na quarta-feira, tinha prometido à anterior direção — “por ela escolhida e que já integrava o diretor-geral e o atual diretor interino — a contratação de 10 estagiários para reforçar a redação”, o que não foi cumprido.
CEO da Global Media José Paulo Fafe demite-se da liderança do grupo
No entretanto, enquanto estas contratações não avançassem, “o diretor interino equacionou algumas soluções temporárias, como recorrer às equipas de forma a que colmatassem os dias em falha”.
Na altura “foi explicado pelos editores ao diretor interino, este método traria o risco sério de tornar a gestão das equipas ainda mais difícil do que já é”, já que a redação está a funcionar “abaixo dos mínimos”, com salários em atraso e sem receber o subsídio de Natal.
“E convém não esquecer que se aproxima um período de campanha eleitoral, que já vai implicar a redução de alguns elementos das equipas”, recorda o CR.
“Não sendo possível ultrapassar o problema com a única saída que lhe restava, o diretor interino decidiu abdicar das notícias nas madrugadas de fim de semana” e “chegados aqui — e reiterando a perplexidade pelo facto de uma decisão desta magnitude não ter sido previamente explicada à redação pelo diretor interino — entendem os membros eleitos do CR sublinhar que estamos perante mais uma consequência do clima de anormalidade funcional, provocado pela gestão errática e, por vezes, caótica da CE agora demissionária”.
Quanto ao que se está a passar no site da TSF, tal “é cada vez mais incompreensível: como se a ausência de grande parte do arquivo não constituísse já um rombo assinalável (e, como atempadamente alertámos, continua sem se ter a menor ideia de quando será reposto), juntou-se na última semana uma série de novas ‘contribuições’ para acentuar o declínio”, alertam.
“Áudios que não funcionam dentro das notícias, dois dias com a impossibilidade de aceder à própria emissão em direto, dificuldade em ouvir podcasts, matérias mal indexadas no Google ou não indexadas de todo, ‘push’ a funcionar com problemas visíveis (como surgir a mesma notícia dez vezes consecutivas), páginas lentas” são alguns dos exemplos de um “cenário surreal para a rádio líder no digital”, denuncia o CR.
A isto somam-se “duas baixas — não repostas — na equipa, o que diminuiu muito a gestão operacional de um setor crucial da rádio, mais duas pessoas se preparam para deixar a TSF no final de fevereiro, o que colocará o ‘online’ já com um número de efetivos sem qualquer capacidade de resposta, mínima que seja, às exigências de um ‘site’ que tem a responsabilidade de defender a liderança no digital”, aponta o CR, que rejeita “liminarmente qualquer eventual insinuação sobre ‘falta de cooperação’ por parte dos jornalistas na resolução de problemas que continuam a existir na redação e que ameaçam agravar-se, como o cenário das madrugadas demonstra”.
Os membros eleitos do CR “vão continuar a acompanhar esta e outras situações com influência direta no funcionamento da redação, em particular neste período de perigosa indefinição“, rematam.