A Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF considera “incompreensível” que a Global Media não demonstre recetividade ao interesse de empresários em “ajudar a resolver a situação” do grupo.

Numa newsletter divulgada esta quinta-feira — que a Comissão de Trabalhadores da rádio do Global Media Group (GMG) diz ter decidido escrever “inspirada pela Comissão Executiva” do grupo — a Comissão de Trabalhadores afirma que “não consegue compreender a ausência de diálogo para tentar alcançar um mínimo de paz social” na empresa, assim como “o facto de o CEO da empresa (José Paulo Fafe) ter feito promessas públicas de regularização da situação e, ao dia desta quinta-feira, não haver qualquer expectativa sobre a resolução dos problemas” .

“Foi com algum alívio que os trabalhadores viram o ordenado (dezembro) ser pago no final da semana passada, mas as perspetivas continuam a não ser animadoras, há valores que continuam em dívida (subsídio de Natal) e não existe qualquer esclarecimento adicional”, refere.

Para a Comissão de Trabalhadores , “é também incompreensível que, havendo interesse de vários empresários em ajudar a resolver a situação com promessas imediatas de investimento, a Comissão Executiva não mostre sinais de abertura e deixe os trabalhadores a agonizar na incerteza crescente sobre o futuro das suas vidas”.

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“A Comissão de Trabalhadores da TSF apela à Comissão Executiva que pense nas centenas de famílias afetadas por esta situação, que pense também no futuro da democracia portuguesa e encontre com os investidores uma solução para o grupo”, lê-se na newsletter.

“Se não o fizer — acrescenta – só poderemos concluir que não estão interessados em salvar estes títulos históricos e tão importantes para o país”.

E, nesse caso, questiona, resta a dúvida de “qual é, afinal, o objetivo” da administração do Global Media Group.

De acordo com a Comissão de Trabalhadores, apesar de “confrontada sucessivas vezes por email” sobre quando serão regularizadas as dívidas aos trabalhadores, a Comissão Executiva não deu “qualquer resposta”, tal como nunca forneceu o acesso às “reais contas” da empresa, solicitado por “diversas vezes, por escrito e oralmente”.

“A Comissão de Trabalhadores da TSF apresentou queixa à ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) e recebeu, no dia em que esta autoridade visitou a empresa, a indicação de que a informação “está a ser reunida para ser enviada logo que possível”, refere, notando que, desde então, “já passou mais de um mês”.

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Na newsletter, a Comissão de Trabalhadores da TSF diz também desconhecer se o fundo que comprou a Global Media — o World Opportunity Fund (WOF) — deixou de transferir dinheiro para o grupo: “A única explicação que existiu foi dada pelo CEO no parlamento, falando numa “promessa de transferência” que estaria agendada para esta semana”, lembra, acrescentando que, “até agora, não houve quaisquer explicações adicionais”.

Segundo recorda, numa reunião com a Comissão de Trabalhadores em 12 de dezembro passado, a Comissão Executiva aludia aos “danos reputacionais para o fundo”, que “já eram elevados”: “O mercado financeiro é muito atento. Se o fundo amanhã vier dizer que sai, não seria de admirar, seria uma reação natural”, diz ter então ouvido da administração.

Relativamente ao despedimento coletivo em cima da mesa, a  Comissão de Trabalhadores diz não saber se vai realmente concretizar-se, mas ressalva que, “se tal vier a acontecer, a Comissão de Trabalhadores tem obrigatoriamente de ser notificada”, o que não aconteceu até ao momento.

Já quanto ao processo de rescisões por mútuo acordo no Global Media Group, cujo prazo para manifestação de interesse por parte dos trabalhadores terminou no passado dia 10, a  Comissão de Trabalhadores diz não ter sido “oficialmente informada”, precisando que, informalmente, tem apenas conhecimento de um caso na TSF.

A 6 de dezembro passado, em comunicado interno, a Comissão Executiva do grupo Global Media anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.