A plataforma das forças de segurança defendeu esta terça-feira que o governo devia assumir a atribuição temporária de um suplemento de missão à PSP e GNR, apelando a um compromisso com os atuais líderes do PS e PSD.
Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da plataforma que congrega 11 sindicatos da PSP e associações da GNR lembrou que os líderes do PS e PSD já indicaram que querem resolver o problema, propondo um compromisso com o governo para atribuição de um suplemento idêntico ao da PJ aos elementos das forças de segurança.
Bruno Pereira, que é também presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP), afirmou que esta seria uma solução temporária, tendo em conta que o atual governo está em gestão, para depois passar a efetivo. “Devia ser já assumido para que seja implementado o quanto antes e possa tornar-se efetivo a partir do ano que vem”, afirmou. Questionado sobre a resposta do primeiro-ministro à plataforma, Bruno Pereira referiu que António Costa “não respondeu”, tendo apenas invocado “uma impossibilidade política para poder resolver um problema”.
O primeiro-ministro afirmou na segunda-feira, em resposta à plataforma, que o governo em gestão carece de legitimidade constitucional e política para decidir sobre despesas permanentes, remetendo eventuais negociações para o futuro executivo.
Repudiou ainda as palavras do presidente do Sindicato Nacional de Polícia sobre eventual perturbação das eleições legislativas e afirmou acreditar que jamais as forças de segurança farão um ato desses de traição à democracia.
Bruno Pereira garantiu que os polícias e militares “saberão como sempre souberam” cumprir as suas missões, pelo que “não colocarão em causa em momento algum o ato eleitoral“.
A plataforma está reunida esta terça-feira para decidir o que vai fazer no futuro depois de ter promovido duas manifestações, em Lisboa e no Porto, que foram consideradas a maiores de sempre. Os elementos da PSP e da GNR têm protagonizado protestos vários para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária. A contestação começou há quatro semanas na sequência da iniciativa do agente Pedro Costa, que depois se alargou a todo o país.
A maioria dos protestos tem sido convocada através das redes sociais, nomeadamente WhatsApp e Telegram, surgindo nos últimos dias um movimento inorgânico chamado movimento inop que não tem qualquer intervenção dos sindicatos, apesar de existir a plataforma, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Nos últimos dias vários polícias da PSP e militares da GNR apresentaram baixas, apesar de a plataforma não assumir que sejam uma forma de protestos. A plataforma voltou esta terça-feira a apelar aos elementos das forças de segurança para que tenham bom senso e não se deixem influenciar pelos movimentos inorgânicos que possam existir.
Entretanto, o ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente, por parte da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), “em especial dos que se reportam a generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias”.