A plataforma de moda de luxo Farfetch vai dispensar entre 25% e 30% dos funcionários a nível global, uma notícia que foi avançada pelo Eco e confirmada por fonte oficial da empresa ao Observador. Para já, a Farfetch não quantifica quantas pessoas é que vão ser afetadas em Portugal. Os trabalhadores dos escritórios portugueses começaram esta sexta-feira a ser avisados sobre o impacto dos despedimentos.
“Depois de avaliadas as principais prioridades e recursos em todo o negócio, tomamos a difícil, mas necessária, decisão de reduzir globalmente o headcount e funções redundantes”, explica fonte oficial da tecnológica. “Esta decisão permite sustentar o futuro do negócio e como resultado permite que a Farfetch opere numa posição reforçada e focada naquilo que faz melhor: fornecer experiências excecionais para as marcas, boutique e clientes.”
A empresa assegura que “Portugal continua a ser uma base importante para a Farfetch”, mas até ao momento não indicou se irá manter todos os escritórios no país ou se haverá redução de presença. Tem escritórios em Lisboa, Braga, Guimarães e Matosinhos.
Nos últimos números disponíveis, divulgados no relatório do ano passado, a Farfetch dizia ter 6.728 trabalhadores, sem contar com serviços de consultoria externa e funcionários em regime freelancer. Portugal era, à data, o país com mais funcionários (3.342), seguido de Reino Unido (1.179), Itália (642) e Estados Unidos (540). Porém, os números já terão sofrido alterações já que, em agosto de 2023, a Farfetch já admitia uma redução de trabalhadores para tentar reduzir custos, mas sempre sem concretizar números. Mas não há números atualizados.
José Neves demite-se da liderança da Farfetch. Empresa vai avançar com despedimentos
Esta quinta-feira, o fundador José Neves anunciou a saída da liderança da companhia, abandonando o cargo de CEO. O empresário português teve a ideia para criar a Farfetch em 2007 e lançou a empresa um ano mais tarde. Era CEO da companhia desde 2008.
A saída do português, que vai continuar como consultor, é feita duas semanas após a conclusão da venda à sul-coreana Coupang. Bom Kim, o dono da “Amazon sul-coreana”, e a equipa executiva da Farfetch assumem, para já, a liderança interina daquele que foi o primeiro unicórnio com ADN português.
Empresa propõe saídas por mútuo acordo, mas sem acesso a subsídio de desemprego
Esta sexta-feira foram feitas algumas reuniões com trabalhadores para comunicar o que vai acontecer às equipas em Portugal. Estão a ser dadas duas opções aos funcionários que vão ser afetados, apurou o Observador. A primeira passa por uma proposta de saída por acordo entre as partes, que prevê o pagamento de 30 dias por cada ano de trabalho, mas sem acesso ao subsídio de desemprego. Quem não aceitar a proposta, entrará num processo de despedimento coletivo a partir de 12 de março.
Os trabalhadores vão ter até 23 de fevereiro, uma semana, para tomar uma decisão em relação à proposta.
Entre os trabalhadores afetados começam a surgir comentários sobre o facto de a proposta feita pela companhia favorecer mais quem está há mais anos na empresa.
Os trabalhadores noutros países vão começar a ser avisados sobre se continuarão ou não ligados à empresa noutras datas: no Reino Unido a partir da próxima segunda-feira, dia 19, e noutros mercados a partir do final do mês.
(Atualizada às 15h48 com prazo para responder à proposta)