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Obviamente foi morto por Putin”. Até ao momento, a reação mais violenta à morte de Alexei Navalny é de Volodymyr Zelensky, adversário de Vladimir Putin no campo de batalha e que está esta sexta-feira em viagem pelo centro da Europa, incluindo para participar numa conferência em Munique. E é nessa conferência de imprensa que esteve, esta sexta-feira, a mulher de Navalny – que teve a reação mais emotiva: “Putin e os seus amigos vão ser responsabilizados“.

Boa parte das reações à morte de Navalny, principal rosto da oposição a Vladimir Putin, vieram dessa mesma conferência em Munique. Outra reação, uma das primeiras, foi do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que disse que não quer “especular” sobre as causas da morte de Alexei Navalny mas salientou que a Rússia exerce, há muitos anos, um “poder totalitário” contra os opositores do regime.

Navalny morreu esta sexta-feira, 16 de fevereiro, na prisão no Ártico russo onde se encontrava desde dezembro do ano passado. Numa conferência de imprensa ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente ucraniano disse que Vladimir Putin deve ser responsabilizado pela morte de Alexei Navalny: Putin “não quer saber” de quem morre, desde que “mantenha a sua posição”.

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Ao seu lado, ressalvando que não existe uma “confirmação final” da morte do opositor russo, Olaf Scholz indicou, cautelosamente, que é “muito provável que Navalny tenha morrido numa prisão russa”. “Isto é muito triste. Encontrei-me com ele em Berlim quando estava a ser tratado das consequências do envenenamento”, lembrou o chanceler alemão.

Alexei Navalny, rosto da oposição a Putin, morreu após “uma caminhada” na prisão. Tinha 47 anos

“Ele pagou com a sua vida”, realçou Olaf Scholz, acrescentando que “qualquer pessoa que critique, que advogue a democracia deve temer pela sua vida e segurança”. “Estamos chocados.” “É terrível”, prosseguiu Olaf Scholz, que sinalizou que é um “sinal de que a Rússia mudou”. Num processo que começou “há muito tempo”, o chanceler alemão lamentou que a Rússia não seja mais uma “democracia”.

Na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, prestou homenagem a Alexei Navalny afirmando que o opositor “resistiu ao regime de Putin e lutou pela democracia da Rússia”. “Putin, que exerceu o seu poder arbitrário prendendo-o em circunstâncias cada vez mais draconianas, é responsável pela sua morte”, escreveu João Gomes Cravinho.

O governante enviou as suas condolências à “família e ao povo russo”.

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Também no X, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “profundamente perturbada e triste” pelas notícias da morte de Alexei Navalny. “Putin nada mais teme do que os dissidentes do seu próprio povo”, afirmou Ursula von der Leyen, acrescentando que isto é um “lembrete sombrio” da natureza do regime russo.

O alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, assumiu-se “chocado” com a notícia, caracterizando Navalby como “um homem muito corajoso que dedicou a sua vida para salvar a honra da Rússia, dando esperança aos democratas e à sociedade civil”, escreveu no X. “Enquanto aguardamos mais informações, sejamos claros: esta é uma responsabilidade exclusiva de Putin”, acrescentou.

EUA: “A Rússia é responsável por isto”

Depois do silêncio inicial, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que, a confirmar-se a morte do opositor russo, isso mostra a “fraqueza e podridão” do regime da Rússia. Se a morte for confirmada, Antony Blinken não tem dúvidas: “A Rússia é responsável por isto”, citou a Sky News.

A frase levou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia a pedir “contenção” aos EUA nas suas manifestações públicas sobre este caso.

Mais tarde, Blinken veio sublinhar a “fraqueza e podridão” que grassa “no coração do sistema que Putin construiu”. “Durante mais de uma década, o governo russo e Putin perseguiram, envenenaram e colocaram na prisão Alexei Navalny”, afirmou.

No Reino-Unido, o primeiro-ministro Rishi Sunak, reagiu às “terríveis notícias”, lembrando Alexei Navalny como um “advogado acérrimo da democracia russa” que demonstrou uma “coragem incrível ao longo da vida”. “Os meus pensamentos estão com a sua mulher e o povo da Rússia para quem isto é uma grande tragédia”, disse Rishi Sunak numa publicação no X.

Em França, Emmanuel Macron acusa a Rússia de condenar à morte “os espíritos livres” e afirma “raiva e indignação” pela notícia de Navalny. “Presto homenagem à memória de Alexei Navalny, à sua dedicação e à sua coragem. Os meus pensamentos vão para a sua família, entes queridos e para o povo russo”, escreveu no X.

Já em Espanha, Pedro Sanchez afirmou-se “chocado” e deixou as suas condolências à família e amigos de Navalny e “a todos aqueles na Rússia que defendem os valores democráticos e pagam o preço mais alto por isso.”

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu no X, afirmando que o mundo perdeu “um lutador cuja coragem vai ecoar entre gerações”.

Na Letónia, o Presidente Edgar Rinkēvičs escreveu: “Quaisquer que sejam os pensamentos sobre Alexei Navalny como político, ele foi brutalmente assassinado pelo Kremlin”. Na mesma ordem, o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau afirma que Navalny está morto por ter ido contra Putin e contra o Kremlin.

“É uma tragédia e é algo que relembra ao mundo o monstro que Putin é”, disse Trudeau, à CBC. “Não há dúvidas de que Navalny está morto porque se levantou contra Putin e contra o Kremlin. Levantou-se pela liberdade e democracia e pelo direito do povo russo a escolher o seu futuro, algo de que Putin tem muito medo — e deve ter”, acrescentou Trudeau.

O oligarca russo crítico do regime e no exílio, Mikhail Khodorkovsky, culpou o líder russo, Vladimir Putin, pela morte do principal opositor russo, Alexei Navalny. “Se é verdade, independentemente da razão, Vladimir Putin é pessoalmente responsável pela sua morte prematura, uma vez que foi o primeiro a autorizar o envenenamento de Alexei Navalny e depois colocou-o na prisão”, afirmou Mikhail Khodorkovsky no Telegram.

O último vídeo de Navalny na prisão é desta quinta-feira. Opositor de Putin aparentava estar bem disposto

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, ironizou sobre a morte do opositor russo. “A reação imediata dos líderes da NATO à morte de Navalny, sob a forma de acusações diretas contra a Rússia”, expõe, segundo a porta-voz, que as conclusões do Ocidente já estão “prontas” — e servirão apenas para apontar o dedo à Rússia.

O vice-líder da Comissão de Assuntos Internacionais da Rússia, Vladimir Dzhabarov, aponta para a possibilidade de a morte do opositor ao regime russo ter sido um “acidente”. “A Rússia não tinha qualquer razão para prejudicar a saúde de Navalny”, afirmou Vladimir Dzhabarov, citado pelo jornal Meduza, acrescentando: “Ele estava a cumprir a pena”. “Eu penso que foi um acidente, acontece”, disse Vladimir Dzhabarov.

Kasparov chama “mafiosos”, “bandidos” e “ladrões” a Putin e seus aliados

O antigo campeão de xadrez Garry Kasparov chamou “mafiosos” e “ladrões” a Putin e seus aliados: “Putin tentou e não conseguiu assassinar Navalny rápida e secretamente, com veneno. Agora, assassinou-o lenta e publicamente, na prisão”, escreveu Kaskarov na rede social X.

Alexei Navalny, na leitura feita por Kasparov, “foi morto por ter demonstrado quão bandidos e ladrões” são Vladimir “Putin e a sua máfia“.

Também a família do opositor reagiu publicamente à sua morte. A mãe, Lyudmila Navalnaya, afirmou não querer ouvir “quaisquer condolências” e que viu o filho pela última vez no dia 12 de fevereiro, segunda-feira. “Estava vivo, bem e animado”, citou a Sky News.

Por sua vez, a mulher de Alexei Navalny apareceu de surpresa na Conferência Internacional de Segurança de Munique, que está a decorrer esta sexta-feira, e começou por dizer que ainda não foi informada oficialmente da morte do marido. “Ninguém pode confiar em Putin, eles mentem sempre”, afirmou. Mas se aquilo que está no comunicado da prisão é verdade, então Yulia Navalnaya garante que o Presidente russo irá ser “responsabilizado”.

“Se isto é verdade, então Putin e os seus amigos devem saber que vão ser responsabilizados por aquilo que fizeram ao país e à minha família”, afirmou, acrescentando que “esse dia irá chegar em breve”.