No dia a seguir ao frente a frente entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, os cabeças de lista por Leiria tinham interpretações diferentes dos desempenhos dos líderes nacionais e entre o PS e a Aliança Democrática ficaram ainda bem distintas as visões para a economia, num distrito que tem na industria o grande motor.
O ainda líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias considera que no debate entre os dois candidatos a primeiro-ministro, “ficou claro quem tem capacidade de liderança e um projeto político e experiência para governar” para concluir que “um é candidato a primeiro-ministro e o outro, Luís Montenegro, a ser líder da oposição, caso o PSD o deixe”. Telmo Faria, da Aliança Democrática, discorda mas reconhece que “as expectativas eram tão baixas em relação a Pedro Nuno Santos que conseguiu estar um pouco melhor face à longa série de debates”.
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O agora candidato do PS em Leiria aproveitou logo para defender que “o país avançou muito nos últimos 8 anos” e que “se há algo evidente é que a AD não tem programa político e teve 8 anos para o fazer” mas perdeu-se entre a liderança, considera Eurico Brilhante Dias. O candidato da AD não podia ter uma visão mais distinta ao dizer que “o país está com imensos problemas” e que “a AD vem apresentar um programa de libertação desta asfixia socialista, uma asfixia fiscal”.
E se Brilhante Dias considera a linguagem da AD “próxima da extrema direita”, o cabeça de lista do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro, acusa o PS de ter trazido “uma posição estalinista” ao aplicar uma “violência simbólica e identitária” ao partido liderado por André Ventura.
Eurico Brilhante Dias puxa dos galões de antigo secretário de Estado da Internacionalização para afirmar que “Leiria tem no distrito, no coração da atividade industrial e no setor primário, as condições para aumentar emprego e de mais qualidade”, mas Telmo Faria diz de imediato que os empresários “sentem ameaças e estrangulamentos ao crescimento” e que “Portugal perdeu a capacidade de atrair os grandes centros de inovação e desenvolvimento industrial” para defender a reforma fiscal da Aliança Democrática.
Candidatos querem novo Hospital do Oeste, mas recordam vários recados
PS, AD e Chega querem que o novo Hospital do Oeste avance, mas até o candidato socialista faz um reparo ao dizer que “isso não significa que as Caldas da Rainha, pela sua tradição, não devam ter na reforma das unidades locais de saúde, um espaço de natureza hospitalar complementar para melhorarmos a rede de cuidados continuados no Oeste”, procurando conter as criticas do autarca local à localização do novo hospital no município do Bombarral.
Telmo Faria aproveita a experiência anterior para lembrar que “há 11 anos não se resolveu nada” e que a complementaridade anunciada para uma unidade de saúde nas Caldas da Rainha “são umas cenouras” e que não passa de “retórica, não se decide e não se faz”, diz, numa referência ao slogan de Pedro Nuno Santos.
Ainda assim a necessidade de avançar merece a concordância até do Chega, com Gabriel Mithá Ribeiro a pedir uma clarificação sobre se “o projeto é para funcionar em Parceria Publico Privada ou uma aposta pública” e a defender “um olhar de proximidade” com um reforço dos cuidados primários nos vários municípios da região.