Os estafetas das plataformas digitais Uber Eats, Bolt e Glovo, nas regiões de Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Sintra, encontram-se desde as 18h e até às 22h desta sexta-feira em greve, sob o lema “Desta vez vamos parar”.
De acordo com os cartazes que circulam nas redes sociais, nomeadamente no X (antigo Twitter), os trabalhadores reivindicam melhorias nas tarifas que recebem pelas entregas que fazem, o “fim de corridas duplicadas por um euro”, o “fim de aprovação de contas em massa”, um “melhor tratamento nos estabelecimentos” onde vão buscar a comida e uma maior “facilidade de acesso ao apoio e aos escritórios nas cidades”.
Por outro lado, os estafetas dizem que não querem contratos, sendo que preferem manter-se como independentes e sem um vínculo concreto às plataformas digitais para as quais fazem entregas.
Os estafetas/entregadores de comida passam por situações impensáveis, deste a uber/bolt/glovo bloquear contas sem justificação e as pessoas perderem o sustento (fora todo o investimento na mota e equipamento) de um dia para o outro, paga taxas que não cobrem nem o gasóleo, etc pic.twitter.com/vuZJCXLY70
— Tiago (@Lukaks99) February 23, 2024
O Observador questionou as três plataformas digitais acerca da greve. A Glovo disse estar a “sentir algum impacto na operação, que pode advir de diversos fatores, como meteorológicos, o facto de ser habitualmente um dos dias da semana com mais pedidos mas, também, eventualmente, de paralisação de estafetas”.
“Enquanto trabalhadores independentes, os estafetas podem ligar-se quando e quanto tempo quiserem, em qualquer altura do dia e da semana. Recebemos alguns contactos por parte de estafetas e parceiros que não estão a conseguir prestas os seus serviços como desejariam”, afirmou um porta-voz da Glovo, em resposta ao Observador, que salientou que “todos os que sentirem que a sua segurança não esteja acautelada” devem “reportar a situação às autoridades competentes”.
Por sua vez, a Uber Eats afirmou respeitar “o direito que todos têm de se manifestar, com respeito pela segurança e ordem públicas”. Garantindo que oferece “um modo flexível para os estafetas obterem ganhos, usando a aplicação onde e quando quiserem”, uma fonte oficial da empresa notou que a “grande maioria” desses trabalhadores está “satisfeito com a sua experiência na app e ouvimo-los constantemente por forma a melhorar a sua experiência”.
Já a Bolt indicou, no sábado, que “respeita o direito à demonstração, como é o caso da greve” de sexta-feira. “Como de resto sempre o fizemos, trabalharemos diariamente para que todos os envolvidos – desde estafetas a operar com frotas parceiras aos estabelecimentos parceiros e clientes – consigam beneficiar o máximo através da nossa plataforma”, acrescentou.
Uma cliente da Bolt e da Uber Eats relatou ao Observador que depois de cerca de uma hora de espera, os seus pedidos foram cancelados nas duas aplicações por dificuldades em encontrar um estafeta. Numa dessas plataformas aparecia uma mensagem a explicar que não é “frequente haver atrasos”, mas que será necessário “mais tempo para encontrar o parceiro de entrega certo”, algo que não se veio a verificar.
Em abril de 2022, os trabalhadores destas plataformas que operavam como estafetas já tinham estado em greve. Esta paralisação, noticiou na altura o jornal Expresso, limitou-se ao Porto e foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte. Os estafetas reivindicavam melhores condições de trabalho e de remuneração.
Artigo atualizado com resposta da Bolt