Oppenheimer continua a reforçar o favoritismo rumo à noite dos Óscares. O filme de Christopher Nolan foi o grande vencedor dos prémios do Screen Actors Guild (SAG), o Sindicato dos Atores de Hollywood, arrecadando três estatuetas e vencendo as principais categorias da noite, incluindo Melhor Elenco, numa cerimónia que no cinema distinguiu ainda Assassinos da Lua das Flores e Os Excluídos. Na televisão, as principais distinções foram para The Bear, na categoria de comédia, e para o drama da HBO Succession.
O evento decorreu no Shrine Auditorium, edifício histórico de Los Angeles que no passado já acolheu por diversas vezes os Óscares. A edição deste ano dos prémios SAG marcou a primeira vez que a cerimónia foi transmitida em direto num serviço de streaming, com emissão em todo o mundo na Netflix.
A transmissão marcou o mais recente capítulo na expansão da plataforma para os conteúdos em direto. No ano passado já tinha testado as águas com uma transmitido o último especial de comédia de Chris Rock; para 2025, foi já anunciada a compra dos direitos da programação da gigante de wrestling WWE, num negócio de 5 mil milhões de dólares ao longo dos próximos dez anos.
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A cerimónia deste ano revestiu-se de um significado especial, por se tratar da primeira entrega de prémios do Sindicato dos Atores desde as greves em Hollywood que pararam a indústria durante boa parte do último ano e resultaram num acordo com os estúdios por melhores condições salariais e proteções ao nível de direitos de imagem e uso da inteligência artificial.
O significado do momento não foi esquecido por muitos dos vencedores, que nos discursos saudaram a importância do protesto, nem por Fran Drescher, presidente da SAG-AFTRA e o rosto mais visível das greves, que agradeceu a todos os presentes pelos esforços e sacrifícios feitos em nome do objetivo comum:
“A vossa dignidade e capacidade de perseverança coletiva, de se levantarem e dizerem ‘merecemos mais porque somos mais’ resultou num acordo histórico. (…) Vocês perceberam o que a nossa contribuição significa para esta maravilhosa indústria. Este foi um momento único na história do nosso sindicato, que vai marcar a nossa trajetória durante as próximas gerações”, declarou.
No que toca aos prémios propriamente ditos, a curiosidade era muita para perceber que atores sairiam vencedores em várias categorias-chave. Algo que se aplicava sobretudo na área do cinema, onde os SAG são vistos como uma paragem relevante na época de prémios e um barómetro da direção do vento na corrida aos Óscares.
As principais categorias de interesse eram as de Ator e Atriz Principal. Na primeira, Cillian Murphy, protagonista de Oppenheimer, levou a melhor sobre Paul Giamatti de Os Excluídos, num triunfo que sinalizou a superioridade cada vez mais vincada do drama biográfico sobre o pai da bomba atómica; na segunda, o duelo Emma Stone/Lily Gladstone pendeu para a atriz de Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, que recebeu novo fôlego numa corrida que, até aqui, vinha atribuindo o favoritismo à estrela de Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos.
Menos surpreendentes foram as categorias de Ator e Atriz Secundária, onde Robert Downey Jr. por Oppenheimer e Da’Vine Joy Randolph por Os Excluídos voltaram respetivamente a vencer, reforçando assim o seu presumível favoritismo à conquista da estatueta dourada no próximo dia 10 de março.
Na televisão — e por virtude do calendário em que se inserem — os SAG funcionam mais como uma espécie de “epílogo” de prémios mais importantes, como os Emmy (adiados este ano de setembro para janeiro, precisamente devido às greves). Tal não quer dizer, contudo, que não tenha havido espaço a surpresas, pelo contrário. Num dos momentos mais emotivos da noite, Pedro Pascal superou a concorrência dos atores de Succession (que não obstante ganhou em Melhor Elenco de uma Série de Drama), levando para casa o troféu de Ator Dramático pelo seu desempenho em The Last of Us.
“Estou um bocadinho bêbado, achava que podia ficar um bocadinho bêbado. É uma honra do c******, estamos na Netflix”, brincou, em referência às restrições de linguagem mais relaxadas da plataforma de streaming por comparação com as da televisão norte-americana.
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Também Elizabeth Debicki, a Princesa Diana de The Crown, superou Sarah Snook de Succession e levou para casa o “Ator” – assim se chamam as estatuetas desta gala – para Melhor Atriz de Drama, num discurso marcado pelo improviso e com a atriz a chegar descalça ao palco. Na arena da comédia, The Bear e as suas estrelas, Jeremy Allen White e Ayo Edebiri, voltaram a vencer nas principais categorias, colhendo novas distinções para a série da Hulu. Destaque ainda para Rixa, minissérie produzida pela Netflix, que arrecadou todas as distinções nas categorias a que estava nomeada, e para Barbara Streisand, homenageada com o Prémio Carreira e com uma prolongada ovação de pé de todos os atores presentes no auditório.
Confira aqui a lista completa de vencedores dos Prémios SAG:
CINEMA
Melhor Elenco: Oppenheimer
Melhor Atriz Principal: Lily Gladstone, Assassinos da Lua das Flores
Melhor Ator Principal: Cillian Murphy, Oppenheimer
Melhor Atriz Secundária: Da’Vine Joy Randolph, Os Excluídos
Melhor Ator Secundário: Robert Downey Jr., Oppenheimer
TELEVISÃO
Melhor Elenco de uma Série de Drama: Succession
Melhor Elenco de uma Série de Comédia: The Bear
Melhor Ator numa Série de Drama: Pedro Pascal, The Last of Us
Melhor Atriz numa Série de Drama: Elizabeth Debicki, The Crown
Melhor Ator numa Série de Comédia: Jeremy Allen White, The Bear
Melhor Atriz numa Série de Comédia: Ayo Edebiri, The Bear
Melhor Ator num Telefilme ou Minissérie: Steven Yeung, Rixa
Melhor Atriz num Telefilme ou Minissérie: Ali Wong, Rixa
Melhor Trabalho de Duplos (Comédia ou Drama): The Last of Us
Prémio Carreira: Barbara Streisand