Um estudo de revisão de literatura levado a cabo pela publicação dedicada à medicina BMJ olhou para investigações dos últimos três anos sobre a ligação entre comida ultra-processada e problemas de saúde. E estabeleceu uma associação entre 32 efeitos negativos e o consumo daquele tipo de alimentação, entre eles cancro, diabetes tipo 2, problemas de saúde mental ou doenças cardíacas.

Os resultados abrangem estudos que envolveram quase 10 milhões de pessoas feitos por diversas universidades como a Escola de Saúde Pública de Johns Hopkins Bloomberg, nos EUA, a Universidade de Sydney, na Austrália, e a francesa Sorbonne, segundo o The Guardian.

“No geral, foram encontradas associações diretas entre a exposição a alimentos ultra-processados e 32 parâmetros de saúde que incluem a mortalidade, cancro e resultados na saúde mental, respiratória, cardiovascular, gastrointestinal e metabólica”, lê-se no estudo.

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Em síntese, a investigação aponta para um aumento de cerca de 50% do risco de morte relacionada com doenças cardiovasculares, de 48% a 53% no caso da incidência de ansiedade e perturbações do foro mental ou de 12% nos diabetes tipo 2. Também foi estabelecida uma ligação com asma e alguns cancros, embora com provas ainda limitadas neste campo.

Os investigadores alertam para outras limitações do estudo: o facto de não poderem excluir ligação a outros fatores não medidos ou as diversas formas de medir o consumo de alimentos processados. Especialistas não envolvidos na investigação, citados pelo The Guardian, notam que alguns dos estudos considerados não têm robustez suficiente e que as conclusões não mostram uma causa-efeito. Outros, porém, acreditam que as conclusões são consistentes com outros estudos.

“Uma maior exposição a alimentos ultra-processados foi associada a um risco mais elevado de resultados adversos para a saúde, especialmente cardiometabólicos, perturbações mentais comuns e mortalidade”, acrescenta-se ainda no estudo agora divulgado. “Estas descobertas fornecem uma fundamentação para desenvolver e avaliar a eficácia de medidas de saúde pública para direcionar e reduzir a exposição alimentar a alimentos ultraprocessados de forma a melhorar a saúde humana.”

Em causa está o consumo de alimentos como produtos de pastelaria e snacks embalados, bebidas gaseificadas, cereais açucarados ou refeições prontas a consumir, que são muitas vezes submetidos a múltiplos processos industriais e contêm regularmente corantes, emulsionantes, aromatizantes e outros aditivos, assim como elevadas quantidades de açúcar, gordura e/ou sal adicionados, sendo pobres em vitaminas e fibras.