O dirigente do Partido Trabalhista Português (PTP), José Manuel Coelho, participou este sábado sozinho numa ação de campanha para as legislativas, em Lisboa, na qual não contactou com qualquer popular, falando apenas à comunicação social, da qual se queixou.
Pelas 12h00, hora marcada no comunicado enviado à comunicação social, José Manuel Coelho apareceu sozinho junto à estátua de D. José I, no Terreiro do Paço, quase passando despercebido sem o habitual aparato das ações de campanha eleitoral.
Sentado perto de um grupo de turistas, José Manuel Coelho foi abordado pela Lusa, a quem começou por recusar-se a prestar declarações, mas sublinhando que, caso aparecessem outros meios de comunicação social, a Lusa podia gravar.
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Com a chegada da TSF, o candidato iniciou a sua ação de rua, que se cingiu a uma declaração aos jornalistas que durou cerca de um quarto de hora, onde explicou o motivo do seu descontentamento com a comunicação social, em concreto com os órgãos públicos ou da esfera do Estado – a agência noticiosa e o grupo RTP.
“Aquilo [a Lusa] é um órgão inútil, aquilo devia ser transformado”, apontou José Manuel Coelho, justificando a alegada inutilidade da agência de notícias por “não cumprir as funções para a qual foi criada, que é difundir notícias”. “Eles não difundem, é só subscritores”.
Explicando que, enquanto “homem de Abril”, é contra os despedimentos, o candidato do PTP propôs que se fechasse a agência e que os jornalistas da Lusa fossem distribuídos por outros órgãos de informação estatais e, para os que não aceitassem, sugeriu a transformação da agência noticiosa “num lar de terceira idade”.
A RTP também foi alvo do descontentamento do candidato do partido que obteve 3.616 votos nas últimas eleições legislativas, acusando responsáveis da rádio e televisão públicas de usarem “o lápis azul” (numa referência à censura durante o regime do Estado Novo), por não transmitir os pequenos partidos em horário nobre.
Os portugueses têm de estar alertados, que, muitas vezes, estes senhores dos órgãos de informação são tudo menos sérios, porque impedem — não é todos — mas eles impedem que a mensagem dos pequenos partidos chegue aos portugueses”, acusou.
Questionado sobre a mensagem que o seu partido quer passar, José Manuel Coelho destacou a reforma no sistema de Justiça, defendendo a eleição dos juízes do Tribunal Constitucional, que acusou de “roubar” os partidos sem assento parlamentar.
Já na área da Saúde, o candidato defendeu o fim do financiamento do Estado aos “ladrões da medicina privada” e a exigência de registo de ponto dos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), para controlar o número de horas de trabalho.
Quanto a ideias para fazer crescer a economia e criar mais emprego, José Manuel Coelho defendeu o aumento do salário mínimo para 1.100 euros na próxima legislatura.
O candidato José Manuel Coelho apresentou na sexta-feira uma queixa à CNE contra a Lusa por ter dado uma entrevista à agência noticiosa que só foi “facultada aos órgãos de informação que são subscritores da Lusa” e a que “o grande público não teve acesso”.
A Direção de Informação da Lusa respondeu à CNE que “o processo descrito corresponde inteiramente ao normal funcionamento da Lusa, que fornece conteúdos jornalísticos aos órgãos de comunicação social e não ao grande público”.