O cabeça-de-lista do Livre pelo Porto defendeu esta sexta-feira que a esquerda do século XXI “não pode ficar agarrada ao estado social como ele existe”, insistindo em instrumentos como o Rendimento Básico Incondicional.

“É por amor ao futuro que temos propostas utópicas. Utopias concretizáveis e realizáveis. É por amor que falamos do Rendimento Básico Incondicional porque sabemos que uma esquerda do século XXI, como é o Livre, não pode ficar agarrada ao estado social tal como ele existe”, defendeu Jorge Pinto, número um do Livre pelo Porto, no comício de encerramento da campanha para as legislativas de domingo.

O candidato do Livre defendeu que o país não deve “recuar nem um milímetro” no atual estado social, mas deve ir mais longe, com instrumentos como o Rendimento Básico Internacional, mas também a herança social, uma das principais bandeiras do partido nesta campanha.

O objetivo é “erradicar a pobreza como fenómeno estrutural no país”, disse.

No programa eleitoral, o Livre propõe um programa piloto com vista à implementação faseada de um Rendimento Básico Incondicional, estimando que esse projeto custe 30 milhões de euros.

Ao contrário do que é habitual, quem encerrou o comício de campanha do Livre não foi o porta-voz e deputado único Rui Tavares, mas sim Jorge Pinto, numa intervenção de cerca de 20 minutos na qual defendeu também o direito à habitação digna.

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“É insustentável que haja tanta gente sem acesso a uma habitação digna e a preço justo. Nós sabemos como fazê-lo. Queremos passar dos míseros 2% de habitação pública para os 10%. Porque sabemos que só assim poderemos resistir à especulação imobiliária. Propormos também que 20% de toda a nova construção seja a preços controlados para rendas acessíveis, para que as pessoas possam realmente ter casas para viver”, enumerou.

O candidato do Livre deixou ainda uma farpa à Iniciativa Liberal, que tem uma proposta que visa a criação de um cheque creche de 480 euros, para que as famílias possam escolher entre o setor público, social ou privado.

“Não nos enganamos nas críticas, nem nos aliamos àqueles que criticam a escola pública querendo desvalorizá-la ou apresentando uma hipotética hipótese de cheque educação que resolveria todos os problemas. Não caímos nessas armadilhas. A nossa visão de educação começa no pré-escolar. É inaceitável que 20% das crianças não tenham acesso a educação pré-escolar”, lamentou.

Jorge Pinto defendeu ainda que o partido propõe 1.150 euros de Salário Mínimo Nacional em 2028 e “sabe que é possível pagá-lo”.

“É por amor ao país que um grupo parlamentar do Livre será sempre uma força antifascista, feminista, antirracista e de defesa dos direitos humanos. E é particularmente por amor ao país que estamos de braços abertos para aqueles que querem fazer vida aqui”, defendeu.

No último dia de campanha, Jorge Pinto juntou-se a Rui Tavares, que momentos antes deixou o derradeiro apelo ao voto útil.

“O futuro está aí, é no domingo e é uma página em branco, com todo vocês. As sondagens não votam. Vão convencendo os indecisos enquanto dançam”, pediu o candidato, numa referência ao facto de o comício fechar com música e dança.

Nas eleições legislativas de 2022 o Livre obteve 1,28% dos votos, o correspondente a cerca de 71 mil boletins.

Na altura, elegeu Rui Tavares como deputado único. Desta vez, o Livre tem como objetivo eleitoral um mínimo de três parlamentares, sendo Jorge Pinto uma das principais apostas do partido.

Filipa Pinto, número dois pelo Porto, afirmou que “é dia de acreditar que teremos a pronúncia do norte na Assembleia da República” e defendeu os direitos das mulheres, deixando críticas à Aliança Democrática (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM).

“Nem um passo atrás nos nossos direitos, venceremos, camaradas”, apelou.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.