O Instituto Fome Zero (IFZ) indicou esta terça-feira que o número pessoas em segurança alimentar grave no Brasil caiu de 33 milhões em 2022 para 20 milhões em 2023.
“Saímos de 33 milhões de pessoas no Mapa da Fome em 2022 para 20 milhões em 2023. Embora ainda haja um longo caminho pela frente, o acerto das medidas de aumento do valor do salário mínimo e dos repasses do programa Bolsa Família, bem como a redução da inflação dos alimentos, demonstram que estamos no caminho certo para retirar novamente o Brasil do Mapa da Fome”, afirmou, em comunicado, o diretor geral do IFZ, José Graziano.
De acordo com o estudo encomendado pelo governo brasileiro ao IFZ, o número de pessoas com insegurança alimentar moderada e grave caiu de 65 milhões para 45 milhões de pessoas, enquanto o de insegurança alimentar grave diminuiu de 33 milhões para 20 milhões de pessoas, entre o 1.° trimestre de 2022 e o 4.° trimestre de 2023, num país com cerca de 200 milhões de habitantes.
As razões para a melhoria nas estatísticas em 2023 foram o aumento significativo do salário mínimo e a expansão do Bolsa Família, o principal programa de distribuição de subsídios aos mais pobres.
Esta melhoria permitiu que a insegurança alimentar no Brasil regressasse aos níveis do início da década de 2020, antes da crise económica gerada pela pandemia da Covid-19 ter feito disparar o número de pessoas com fome.
Os programas de combate à pobreza implementados por Lula da Silva no seu primeiro mandato (2003-2010) e pela sua sucessora, Dilma Rousseff, permitiram que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) retirasse o Brasil do chamado Mapa da Fome em 2014, quando se estimava que apenas 0,7% da população estava cronicamente subnutrida.
Contudo, a FAO recolocou o Brasil no mapa em 2022, após constatar que cerca de 10,1 milhões de pessoas, segundo os seus critérios, passavam fome no país, o equivalente a 4,7% da população.
Para voltar a sair da lista negativa, o Brasil precisa de reduzir o número de pessoas com fome para menos de 5,5 milhões (menos de 2,5% da população) durante três anos seguidos, o que só será possível em 2026 ou 2027 se o ritmo atual de redução se mantiver.