O ministro da Indústria e Comércio de Angola, Rui Miguens de Oliveira, afirmou esta sexta-feira em Pequim que a colaboração com a China tem sido “crucial” para a industrialização do país, enfatizando o setor das infraestruturas.
Citado pela agência de notícias oficial Xinhua, o ministro angolano destacou a participação das empresas chinesas e o apoio financeiro de Pequim na recuperação inicial das infraestruturas destruídas durante a guerra civil no país africano, incluindo pontes, estradas, linhas de transmissão de energia e sistemas de abastecimento de água.
“Tudo isto são infraestruturas necessárias para o desenvolvimento económico e social geral, mas particularmente essenciais para a nossa indústria”, observou.
Rui Miguens referiu que, após a recuperação das infraestruturas, Angola assistiu a investimentos de empresas privadas chinesas em vários setores industriais.
“O facto é que, neste momento, os maiores investidores privados em Angola são provavelmente os chineses. Eles são o melhor exemplo de Angola, onde é possível investir, criar empregos, estabelecer indústrias e permitir que os empresários obtenham lucros de forma honesta”, disse.
Mais de 400 empresas chinesas operam atualmente em Angola, com um investimento conjunto superior a 24 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros), segundo dados citados pela imprensa chinesa.
Muitas destas empresas estão envolvidas na produção industrial, gerindo fábricas que produzem materiais de construção, plásticos, produtos de uso diário, aço ou baterias, apontou a Xinhua.
Desde que China e Angola estabeleceram relações diplomáticas, há 41 anos, Angola emergiu como o segundo maior parceiro comercial da China em África. O comércio bilateral atingiu os 23 mil milhões de dólares (21 mil milhões de euros), em 2023.
As empresas chinesas reconstruíram ou construíram 2.800 quilómetros de caminhos-de-ferro, 20.000 quilómetros de estradas, mais de 100.000 habitações sociais, 100 escolas e mais de 50 hospitais no país africano, segundo a agência noticiosa oficial da China.
Esse empreendimento resultou numa dívida de Angola à China de cerca de 17 mil milhões de dólares (15,6 mil milhões de euros), lembrou esta sexta-feira o chefe de Estado angolano, João Lourenço, durante o encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, no centro de Pequim.
Angola foi, em 2022, o país do mundo em que o pagamento da dívida a credores chineses teve maior peso na despesa pública, de acordo com um estudo divulgado pelo Centro de Finanças e Desenvolvimento Verde da Universidade Fudan, uma das mais prestigiadas universidades chinesas, localizada em Xangai.
O país africano destinou quase 5% do Produto Interno Bruto para pagar juros e amortizar empréstimos contraídos anteriormente junto de entidades chinesas, segundo o mesmo estudo.
Os empréstimos, realizados por grandes bancos políticos de Pequim, têm o petróleo angolano como colateral.
Em Pequim, o presidente angolano disse querer atrair mais investimento privado e público da China, “desde que seja sem o petróleo a servir como colateral”, assinalando o desejo de mudar o modelo de cooperação que vigorou nas últimas décadas.
Angola almeja também diversificar as exportações para a China com produtos com valor acrescentado, visando diversificar uma relação comercial que assenta sobretudo em matérias-primas.