O Papa Francisco apelou esta quinta-feira aos migrantes para que nunca esqueçam a sua dignidade humana e que não “tenham medo de olhar os outros nos olhos”, lembrando ser também filho de migrantes.

“Vocês não são descartáveis”, disse o pontífice numa mensagem em espanhol a um grupo de migrantes reunidos em Lajas Blancas, no Panamá. “Eu também sou filho de migrantes, que partiram em busca de um futuro melhor”, acrescentou.

“Houve momentos em que [os meus pais] ficaram sem nada e até [momentos] com fome. Tiveram as mãos vazias, mas o coração cheio de esperança”, continuou Francisco.

O Papa também agradeceu à igreja local pelo seu “compromisso para com os ‘irmãos e irmãs’ migrantes que representam a carne sofredora de Cristo, quando são forçados a deixar a sua terra, para enfrentar os riscos e as tribulações de uma dura jornada, porque não encontram outro caminho”

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Francisco fez da situação dos migrantes e refugiados um tema central do seu pontificado.

A sua primeira visita como Papa, em 2013, foi à ilha siciliana de Lampedusa, onde desembarcam muitos dos migrantes e refugiados que fazem a perigosa travessia marítima do norte de África para a Europa.

O chefe de Estado do Vaticano tem também defendido regularmente o imperativo moral e humanitário do resgate no mar e a necessidade de fornecer serviços dignos de acolhimento e integração para aqueles que chegam à Europa.

Segundo o Relatório Mundial sobre Migração 2022, o último publicado pela ONU, existem 281 milhões de migrantes internacionais, o que equivale a 3,6% da população mundial. No relatório anterior, lançado em 2019, o número contabilizado era de 272 milhões de migrantes internacionais, ou seja, 3,5% da população global. Na década de 1970, o total de migrantes internacionais rondava os 80 milhões de pessoas, o equivalente a 2,3% da população mundial.

Também o relatório anual sobre migração da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), publicado em finais de outubro passado, refere que a migração atingiu um recorde histórico em 2022, com 6,1 milhões novos migrantes, número que excluiu os refugiados ucranianos.