Portugal vai continuar a “desenvolver todas as diligências previstas e adequadas” relativamente ao navio com pavilhão português capturado pelas autoridades iranianas, mas, dada a sensibilidade da situação, irá “manter reserva”, disse fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O embaixador de Portugal em Teerão reuniu-se este domingo de manhã com o chefe da diplomacia do Irão, para obter esclarecimentos sobre a captura do navio com pavilhão português no Estreito de Ormuz e na sequência desse encontro, “o Governo continua a desenvolver todas as diligências previstas e adequadas”, segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse à Lusa.

“Atendendo ao novo contexto e à sensibilidade da situação, é aconselhável manter reserva”, acrescentou, não dando mais pormenores sobre o encontro.

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Questionada sobre se o Governo português pondera ou não agravar as medidas diplomáticas face a este incidente, a mesma fonte disse que essa hipótese não está excluída, tendo em conta o “constante acompanhamento e evolução” da situação. Disse também não saber responder sobre se o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, irá chamar o embaixador iraniano em Lisboa. As duas possibilidade já tinham sido levantadas no sábado pelo ministro, que aguardava para perceber qual a resposta do Irão na reunião.

O navio com pavilhão português, um porta contentores, foi apreendido no sábado pelo Irão perto do Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, com um total de 25 tripulantes a bordo. Na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou tratar-se de um navio de carga, o MSC Aries, com pavilhão português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.

No comunicado era indicado que o acompanhamento da situação está a ser feito sob coordenação direta do gabinete do primeiro-ministro, envolvendo os ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Presidência, da Defesa Nacional e da Economia.

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O incidente ocorre numa altura de elevada tensão, que subiu de nível após o ataque israelita ao consulado do Irão em Damasco, no dia 1 deste mês, e que resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária. O Irão prometeu retaliar, tendo os Estados Unidos alertado para a possibilidade de Teerão responder durante o fim de semana — o que acabou por se confirmar.

O navio porta-contentores capturado está ligado à empresa Zodiac Maritime, parte do Grupo Zodiac, com uma frota de mais de 180 navios e pertencente ao bilionário israelita Eyal Ofer. Saiu de Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Nhava Sheva, na Índia, e a última posição recebida foi sexta-feira, exatamente no mesmo local perto do Estreito de Ormuz onde foi sequestrado.

Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.

As tensões, marcadas nos últimos seis meses pela guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, subiram recentemente com um bombardeamento a 01 de abril ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou altos funcionários militares iranianos, e que foi atribuído a Telavive.

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