Um cargueiro com bandeira portuguesa foi intercetado este sábado no estreito de Ormuz por um helicóptero que, segundo a AP, parece ser um dos usados pela guarda revolucionária iraniana. A AP avançou que tinha havido um sequestro atribuído ao Irão, no escalar das tensões com o Ocidente. A agência noticiosa do Irão confirma o sequestro de um navio “estrangeiro com ligações ao regime sionista”.

O Governo português diz, em comunicado, estar a acompanhar a situação e garante não haver registo de cidadãos portugueses a bordo. Já pediu esclarecimentos e solicitou informações adicionais. A MSC garante, por seu lado, que está em contactos com as autoridades para assegurar a segurança dos 25 tripulantes e o regresso do navio.

Em declarações aos jornalistas, o ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que foram seguidas todas as obrigações legais pelo facto de o navio ter bandeira portuguesa, designadamente a reclamação da “libertação imediata” do navio e de todos os tripulantes. Antes de uma possível subida do nível das medidas diplomáticas, Paulo Rangel revelou que o embaixador de Portugal em Teerão pediu uma audiência ao ministro dos Negócios Estrangeiros do país e este acedeu, pelo que haverá uma reunião este domingo de manhã.

“Ter havido uma anuência do ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão faz com que não tenhamos tomado outras medidas diplomáticas, [porque] significa que há uma vontade de dar um esclarecimento”, entende o governante, frisando a situação “obriga o Estado português a estar muito ativo“, em particular devido à “situação de alta tensão no Médio Oriente” e ao facto de ter havido um “aprisionamento de um navio com pavilhão português neste contexto” — o que “suscita uma grande preocupação“.

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Desta forma, Portugal vai aguardar a reunião com o chefe da diplomacia iraniana e não exclui mais medidas, com Rangel a dizer que a subida de medidas diplomáticas poderia “culminar no chamar do embaixador iraniano em Lisboa a explicações no Ministério dos Negócios Estrangeiros”.

Paulo Rangel referiu ainda que além dos 17 cidadãos indianos que estão a bordo — o que levou Portugal a contactar as autoridades indianas —, a tripulação tem paquistaneses, um russo e um estónio.

A entidade britânica de operações marítimas confirmou o “incidente” indicando que um navio tinha sido intercetado pelas autoridades regionais.

A AP indica que foi visualizado um vídeo do ataque alegadamente ao cargueiro MSC Aries, que está registado em Portugal, acrescentando o EL Mundo que terá ligações a um empresário israelita. O Governo português já confirmou que se trata de um navio de carga, o MSC Aries, com “pavilhão” português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.

“Não há registo de cidadãos portugueses a bordo, seja tripulação ou comando”, indica o Governo em comunicado.

Segundo o Vessel Finder, o navio de contentores está a fazer a ligação entre os Emirados Árabes Unidos, de onde saiu a 12 de abril, para a Índia, onde chegaria a 15 de abril.

Em comunicado, o Governo indica que “as autoridades portuguesas estão a acompanhar a situação, sob coordenação direta do gabinete do primeiro-ministro, envolvendo os Ministérios dos Negócios Estrangeiros, Presidência, Defesa Nacional e Economia”.

O Governo diz estar “em contacto com as autoridades iranianas, tendo pedido esclarecimentos e solicitado informações adicionais”.

Índia diz que 17 tripulantes são cidadãos do país e pede a Irão que garante a sua segurança

O governo da Índia está em contacto com Teerão através de canais diplomáticos para garantir a segurança de 17 indianos a bordo de navio com pavilhão português capturado pelo Irão perto do Estreito de Ormuz, afirmou este sábado fonte oficial.

“Estamos cientes de que o controlo do cargueiro MSC Aries foi tomado pelo Irão. Sabemos que há 17 cidadãos indianos a bordo”, afirmou à agência espanhola Efe fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia.

De acordo com a mesma fonte, o Governo indiano está em “contacto com as autoridades iranianas, através de canais diplomáticos, tanto em Teerão como em Nova Deli, para garantir a segurança, o bem-estar e a rápida libertação dos cidadãos”.

Índia e Irão mantêm relações diplomáticas estáveis desde 1950, apesar de as relações económicas estarem dominadas pelas importações de petróleo iraniano por parte de Nova Deli.