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O Presidente russo, Vladimir Putin, apoiou esta quinta-feira a reeleição do líder da Crimeia, Serguei Axionov, apesar do bem-sucedido ataque perpetrado na quarta-feira pela Ucrânia a um aeródromo militar, que demonstrou a fragilidade das defesas daquela península anexada.
“As coisas estão a correr-lhe bem. Bem, nem todas. Mas está a cumprir os principais objetivos. Estou certo de que os crimeanos o apoiarão”, afirmou Putin, numa reunião por videoconferência com Axionov.
Axionov está no poder desde a anexação daquele território, há uma década (2014), altura em que também apoiou abertamente a revolta armada no Donbass (leste da Ucrânia).
De acordo com o jornal russo Vedomosti, o rendimento ‘per capita’ dos habitantes da Crimeia em 2013 era 3,9 vezes inferior à média russa e os salários eram 2,6 vezes inferiores aos do resto da Rússia.
No entanto, dez anos depois, a situação não se alterou consideravelmente, uma vez que, segundo a agência RIA Rating, a Crimeia ocupa o 75.º lugar numa lista com os níveis de rendimento da população de 85 regiões, o que a torna uma das entidades federais mais pobres da Federação Russa.
Segundo esse indicador, 17,6% dos habitantes da Crimeia vivem abaixo do limiar da pobreza — um dos piores números da Rússia.
O presidente do Conselho de Estado da República da Crimeia, Vladimir Konstantinov, reconheceu que a região sobrevive graças a “grandes pacotes financeiros” e estimou que só 30% do orçamento regional procede de receitas próprias e o resto, do orçamento federal.
Os Serviços Secretos Militares ucranianos garantiram ter destruído quatro lançadores de mísseis S-400, três estações de radar, um posto de controlo e equipamento de vigilância aeroespacial, no seu ataque da madrugada de quarta-feira a um aeródromo militar em Dzhankoi.
Na ausência de confirmação oficial, canais russos da plataforma digital Telegram informaram na quarta-feira sobre explosões no aeródromo, operação reivindicada por um grupo de guerrilheiros ucranianos que atuam na Crimeia e se identificam como Atesh.
No seu discurso à nação de quarta-feira à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou o Exército pela “precisão” demonstrada no ataque ao aeródromo.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.