O presidente executivo do Pestana Hotel Group manifestou-se esta terça-feira contra a aplicação de qualquer taxa turística, considerando que “esta mania” de se começar a taxar um setor quando este corre bem não é a melhor em termos económicos.

José Theotónio reagia, assim, à decisão da Câmara de Lisboa ter aprovado, em 17 de abril, a proposta do PSD/CDS-PP para aumentar o valor da taxa turística de dormida, passando de dois para quatro euros por noite, viabilizando uma alteração do PS para excluir os parques de campismo.

Por princípio esta mania que existe de quando um setor está bem começar a taxá-lo não é o melhor em termos económicos. Por isso, sou contra toda a taxa turística seja ela de que valor for, afirmou o presidente executivo (CEO) do Pestana Hotel Group (PHG) num encontro com jornalistas, em Lisboa.

“As empresas já pagam impostos, já pagam o IVA. Já se pagam impostos a mais em Portugal, porque é que ainda há de haver uma taxa em cima?”, questionou ainda.

“O grande argumento para mostrar a importância do turismo é — não se ter memória curta — e olharmos para quando não houve turismo. Quando não houve turismo como é que a economia toda foi afetada, a da cidade, a do país, o desenvolvimento que não se proporcionou à sociedade como um todo. O turismo tem esse papel. Há mania de dizer ‘agora temos turismo a mais’ é olhar para quando este não existiu”, reforçou o CEO.

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Ainda assim, o responsável realçou a necessidade de “independentemente disso”, existirem “políticas públicas e privadas concertadas” no sentido de se conseguir fazer uma melhor circulação e uma melhor dispersão dos fluxos de turismo na cidade, por exemplo.

“Espero que quando existirem anos maus [no setor] desçam a taxa [turística], mas nunca vi baixarem taxas”, brincou.

Em Lisboa, a proposta de PSD/CDS-PP prevê também a atualização da taxa turística de chegada por via marítima, de um euro para dois euros, ainda que o valor que agora se propõe atualizar é o que começou a ser aplicado este ano, com o início da cobrança desta taxa aos passageiros de cruzeiro.

Em reunião privada do executivo municipal, em 17 de abril, a proposta de PSD/CDS-PP foi aprovada com a abstenção de PCP e os votos a favor dos restantes vereadores, designadamente os proponentes, PS, Livre, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e BE, segundo fonte autárquica.

O PHG anunciou hoje ter obtido um resultado líquido de 105 milhões de euros em 2023, menos 4% que no ano anterior.

No encontro, José Theotónio disse que em termos de resultados recorrentes, ou seja, não tendo em conta a mais-valia extraordinária obtida em 2022, o lucro do PHG subiu 30% no ano passado.

Durante o exercício de 2022, o Grupo vendeu uma unidade hoteleira, o Pestana Blue Alvor ao fundo Azora por 75 milhões de euros.

Já as receitas subiram 23% em 2023, para 557 milhões de euros, a beneficiar essencialmente do crescimento do preço médio das dormidas.