O secretário-geral do PCP reivindicou nesta terça-feira debates em condições iguais para todos os partidos tendo defendido que PSD, CDS e PS devem explicar onde pensam cortar 2.8 mil milhões de euros na despesa pública que aprovaram no Parlamento Europeu.
“Achamos que não há nenhuma razão para que haja visões diferentes entre partidos concorrentes às eleições [europeias] e uma parte da resolução desse problema está nas mãos das televisões, que esperemos não cedam a interesses e a pressões daqueles que se autointitulam como grandes partidos, mas o problema do Parlamento Europeu (PE) está longe de ser esse dos debates”, disse Paulo Raimundo aos jornalistas, em Santarém, à margem de uma visita à Estação Zootécnica Nacional.
O líder comunista criticou a recente aprovação das novas regras orçamentais no PE, com reflexos na despesa publica portuguesa.
Segundo o dirigente comunista, “foi aprovada no Parlamento Europeu, há uma semana, com os votos do PS, PSD e do CDS (…) as novas regras orçamentais que, entre outras coisas, procuram impor um corte na despesa pública de 2,8 mil milhões de euros“, montante que “é mais do que aquilo que o país gasta por ano em medicamentos, para termos a noção da dimensão da questão”.
“Este será um aspeto que não vamos largar e o que o PS, PSD e CDS, mas também o Chega e a IL, vão ter de explicar a todos onde é que vão fazer esses cortes”, vincou.
Paulo Raimundo disse ainda que os portugueses precisam de saber se os cortes “são nos benefícios fiscais para os grandes grupos económicos, nas parcerias público-privadas, rodoviárias ou mesmo de saúde”, ou se “vai sobrar outra vez para os salários, para as condições de vida, ou para o Serviço Nacional de Saúde” (SNS).
“Isso é que é a resposta que é preciso dar e aí está o centro do debate do Parlamento Europeu. Haverá oportunidade para isso, e espero que não defraudem as expectativas que estão criadas”, declarou.
Paulo Raimundo visitou nesta terça-feira o Polo de Inovação da Fonte Boa, na Estação Zootécnica Nacional, no Vale de Santarém, com o objetivo de “valorizar e dar como exemplo” que “o país tem condições, tem meios, recursos e capacidades para o país andar para a frente”.
O Polo de Inovação da Fonte Boa — Estação Zootécnica Nacional, é considerado um centro de referência para a valorização dos sistemas de produção agropecuária e agroalimentar, com as atividades ali desenvolvidas a assentarem nas vertentes da investigação científica, inovação e experimentação, formação técnica e académica, e transferência de conhecimento e empreendedorismo.
Paulo Raimundo elogiou o trabalho ali desenvolvido, por um lado, mas, por outro lado, deixou críticas ao Governo liderado por Luís Montenegro.
“O Governo tem um programa, projeto e objetivos concretos, que não têm em conta nem a produção nacional nem a valorização das nossas capacidades“, mas que tem, afirmou, “cumprido escrupulosamente o seu programa: entregar tudo o que possa e o mais depressa possível aos interesses económicos”.
Segundo o secretário-geral do PCP, este é “um Governo muito lesto com exonerações e muito lento com a resolução dos problemas”, tendo exemplificado com as forças de segurança e polícias.
A campanha para as eleições europeias arranca no dia 27 de maio e prolonga-se até 7 de junho. As eleições europeias estão marcadas para 9 de junho.