O cabeça de lista do Chega às eleições para o Parlamento Europeu, Tânger Corrêa, diz estar a ser alvo de “um ataque soez” por parte de Sebastião Bugalho, candidato pela Aliança Democrática. Em causa está um tweet publicado pelo candidato da AD em que sugere que Corrêa está ligado ao conspiracionismo e antissemitismo.

Tânger Corrêa em entrevista: “Judeus podem ter sido avisados do 11 de Setembro”

No Twitter, e na sequência da entrevista do embaixador ao Observador, Bugalho escreveu o seguinte: “O conspiracionismo, o antissemitismo mais ou menos dissimilado e tudo o que os acompanha são – foram sempre – inimigos da Democracia”.

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Esta manhã, em entrevista ao Observador, Tânger Corrêa, que foi embaixador em Israel, sugeriu que um grande número de judeus não foi trabalhar nas Torres Gémeas a 11 de setembro de 2001, deixando a hipótese de terem sido alertados para a possibilidade de haver um atentado nessa data — tese que tem, aliás, no seu mais recente livro “Do Transiberiano ao Médio Oriente”.

Agora, em resposta ao Diário de Notícias, Tânger Corrêa disse o seguinte: “Tenho amigos em Israel, vivi várias vezes em Israel e ainda ontem almocei com o embaixador de Israel. Dizer que sou antissemita não passa pela cabeça de ninguém.”

Embaixada de Israel em Portugal “condena declarações conspirativas”

A entrevista de Tânger levou também a uma pronta reação da Embaixada de Israel em Portugal condenando o que classifica de “declarações conspirativas” do cabeça de lista do Chega às eleições europeias de junho. No X (antigo Twitter), e sem referir diretamente o nome de Tânger Corrêa, a representação diplomática em Lisboa refere que, “nos dias de hoje, em que o antissemitismo está a aumentar, os líderes devem ser mais cuidadosos e responsáveis nas suas declarações”.

Número 3 da lista do Chega sai em defesa do seu cabeça de lista: “Tânger Corrêa é um Homem, não é um pirralho”

A número três da lista do Chega às eleições europeias do dia 9 de junho saiu em defesa do seu cabeça de lista e escreveu, na rede social Facebook, que as palavras do ex-embaixador foram “deliberadamente mal interpretadas e descontextualizadas no sentido de sugerir, ou mesmo afirmar, que ele é tributário de teorias da conspiração que implicam o Estado de Israel nos ataques do 11 de Setembro de 2001”. “Essas atribuições só podem ser qualificadas como vis”, acusa a candidata a eurodeputada, sublinhando que “Tânger Corrêa ama Israel”.

Mariana Nina — ex-membro da Iniciativa Liberal e entretanto filiada no Chega — vinca ainda que “Israel está no coração do Partido Chega e de todos os seus membros, incluindo o visado por este vitríolo” e sublinha que o Chega “reconhece no Estado de Israel um amigo e um aliado”.

No seu texto, deixa ainda um recado a Sebastião Bugalho, ainda que nunca refira directamente o nome do número 1 da AD às europeias, chamando-lhe “pirralho”.  “Circundam agora os abutres com os bicos a pingar do “anti-semitismo” reservado aos infames que o proferem. Pois de abutres se trata. E de abutres não reza a História. A História é terreno de Homens e Mulheres com maiúscula, não de caluniadores. E Tânger Corrêa é um Homem, não é um pirralho como aqueles que se afadigam a destilar insinuações insólitas a partir das declarações de um realista”, começa por dizer.

“Talvez neste mundo de pirralhos um realista não encaixe bem. Mas os pirralhos não são donos do mundo, e o Chega não é para pirralhos, é para aqueles que não têm medo de falar e de agir”, reforça, dizendo ainda: “Para quem tiver dúvidas, é escutar a entrevista na íntegra, em vez de se basear em súmulas. Oiça, entenda, e pense por si.”

*notícia atualizada às 23h40 com as declarações de Mariana Nina