Acompanhe o liveblog com as últimas informações sobre o ataque a Robert Fico

Juraj Cintula. É este o nome do homem suspeito de ter atingido, esta quarta-feira, o primeiro-ministro da Eslováquia com vários tiros na cidade de Handlova, no centro do país. Segundo a imprensa eslovaca, Cintula tem 71 anos, é poeta e fundador de um clube literário de esquerda. O homem foi imediatamente detido depois do ataque a Robert Fico e está sob custódia policial.

Segundo o portal de notícias Denník N, Juraj Cintula é natural da cidade de Levice (cerca de 80 quilómetros a sul de Handlova) e tem 71 anos. O suspeito fundou um clube literário nessa mesma cidade, onde aconteceu o ataque e é atualmente membro do Rainbow Literary Club.

Ambíguo com a Ucrânia, líder de uma coligação atípica e marcado pelos escândalos. Quem é o primeiro-ministro Robert Fico?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Cintula já escreveu três coletâneas de poesia e é, desde 2015, membro da Associação Eslovaca de Escritores.

Ainda de acordo com o Denník N, Cintula já trabalhou como segurança num centro comercial e há oito anos anunciou na internet que estava a recolher assinaturas para a criação do partido político Movimento contra a Violência.

[Já saiu o primeiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui.]

A estação de TV local Markiza, citada pela agência Nexta, falou entretanto com o filho de Juraj Cintula, que garante que o pai tinha licença de porte de arma e negou a informação que surgiu de que Cintula era um doente psiquiátrico. A mesma estação de televisão avança ainda que o atirador sofreu, há oito anos, uma tentativa de assassinato num centro comercial, por parte de um homem embriagado.

Para já não se conhecem as motivações do ataque contra Robert Fico. No entanto, num vídeo gravado após a detenção, Cintula critica a política do governo nas áreas dos media e do sistema judicial. “Não concordo com a política do governo. Por que razão estão os media a ser liquidados, porque está a RTVS [Rádio e Televisão da Eslováquia] sob ataque?”, questiona Cintula, no vídeo divulgado pela televisão TA3.

Recorde-se que, em novembro, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, qualificou de “inimigos” os ‘media’ do país e adiantou que o seu Governo iria dar instruções a estes órgãos de comunicação. Um dos órgãos visados pelas medidas do governo de Fico era a estação de televisão Markíza, os jornais generalistas Sme e Dennik N e o portal de notícias Aktuality. Um deputado do partido do primeiro-ministro, o SMER, disse na altura que os órgãos visadas poderiam ser impedidos de aceder a conferências de imprensa e comunicados oficiais.

No vídeo captado após a detenção, Cintula referiu-se ainda ao sistema judicial eslovaco. “Por que razão Mazák foi retirado do seu cargo?”, questiona o atirador. Segundo o jornal eslovaco Spectator, Ján Mazák foi retirado do cargo de presidente do Conselho Judicial da Eslováquia em abril por indicação do governo. Mazák ligou a sua destituição do cargo ao facto de ter liderado uma investigação sobre corrupção que envolviam o próprio Robert Fico e membros do governo, como o ministro da Defesa.

O ministro da Administração Interna eslovaco revelou esta tarde que o atentado contra Robert Fico teve motivações políticas.

O partido liberal Eslováquia Progressista, que lidera a oposição e ficou em segundo nas últimas eleições gerais, já veio negar que Juraj Cintula seja seu militante — uma informação que, segundo o líder do partido Michal Šiimečka, está a circular.

Recorde-se que, segundo a imprensa eslovaca, o primeiro-ministro daquele país, Robert Fico, está “a lutar pela vida”, depois de ter sido baleado “várias vezes” à saída de um centro cultural em Handlova, cidade a cerca de 150 quilómetros a nordeste da capital Bratislava. Terá sido atingido no abdómen e no peito.

Robert Fico foi transportado de helicóptero para o Hospital Roosevelt, na cidade de Banska Bystrica, a cerca de 40 quilómetros do local do ataque. “As próximas horas serão decisivas”, lê-se na nota entretanto emitida pelo governo eslovaco.

Nota: Notícia atualizada às 19h50 com as primeiras declarações do atirador