A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta terça-feira que, desde 10 de maio, 85 pessoas morreram e 707 ficaram feridas no Sudão nos combates, na capital do Darfur do Norte, entre as duas forças em luta pelo poder.

Em comunicado, os MSF afirmam que só na segunda-feira, 20 de maio, “em apenas algumas horas” receberam 60 feridos no Hospital do Sul, em Al Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, resultantes dos combates entre o exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

Dos 60 feridos, nove morreram “devido aos seus ferimentos”, indicou a organização de ajuda humanitária.

“No total, desde que os combates começaram na sexta-feira, 10 de maio, 707 feridos deram entrada no Hospital do Sul, 85 dos quais morreram“, referiu no comunicado.

Nesse hospital, adiantam os MSF, “só há um cirurgião disponível (…) e todos os dias chegam novos doentes, pelo que a pressão (…) é enorme”.

“As pessoas chegam com lesões abdominais, feridas no peito, ferimentos na cabeça e fraturas expostas. Alguns têm ferimentos de bala, outros foram feridos por fragmentos de estilhaços e outros diretamente por bombardeamentos”, declararam.

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Além da falta de pessoal, “o material médico está a escassear” e só “restam cerca de 10 dias de fornecimento”, acrescentaram os MSF, que pediram às partes em conflito que deixem a ajuda humanitária circular sem entraves.

“Se não conseguirmos passar estes abastecimentos, será extremamente difícil continuar a tratar os feridos”, declarou a diretora dos MSF no Sudão, Claire Nicolet, citada no comunicado.

Al Fasher é o último reduto do exército na vasta região de cinco estados de Darfur, uma das regiões mais afetadas pela guerra entre o exército e as RSF.

De acordo com o Sindicato dos Médicos do Sudão, pelo menos 30 mil pessoas morreram e mais de 70 mil ficaram feridas desde que a guerra eclodiu, em 15 de abril de 2023, entre o exército e as RSF, no meio de um processo de integração dos paramilitares nas forças regulares, desencadeando uma luta pelo poder entre o líder do exército, Abddelfatah al-Burhan, e o comandante das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como “Hemedti”.