Os Estados Unidos afirmaram temer “novas atrocidades” em Myanmar (antiga Birmânia), particularmente contra a minoria étnica rohingya, com o agravamento da violência no estado de Rakhine, no oeste do país.

“Os atos de genocídio e outros crimes contra a humanidade cometidos pelos militares contra os rohingya, bem como as tensões intercomunitárias que alimentaram no estado de Rakhine e em outras partes do país, destacam os graves perigos aos quais os civis estão expostos”, disse a diplomacia norte-americana, na terça-feira, num comunicado.

“O atual aumento da violência e das tensões intercomunitárias também aumenta os riscos de novas atrocidades”, acrescentou o Departamento de Estado dos EUA, apelando “ao exército birmanês, bem como a todos os intervenientes armados, para protegerem as populações civis e permitirem o acesso humanitário sem entraves”.

No domingo, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos já tinha afirmado estar “profundamente alarmado” com o agravamento da violência em Rakhine, alertando para a possibilidade de novas atrocidades.

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Informando que os seus serviços estão a procurar “corroborar os relatos de violações graves”, Volker Turk avançou estar “profundamente alarmado com os relatos de um agravamento da violência e da destruição de propriedade na cidade de Buthidaung, no norte do estado de Rakhine, causando a deslocação de talvez dezenas de milhares de civis, principalmente rohingya“.

“Com as tensões intercomunitárias entre os grupos étnicos rakhine e rohingya elevadas — e ativamente alimentadas pelo exército — este é um momento crítico em que o risco de novas atrocidades criminosas é particularmente elevado”, segundo o responsável da ONU, citado em comunicado.

As atrocidades criminosas — genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra — são consideradas pela ONU como as mais graves entre outras infrações que também incluem uma componente internacional.

Em 2017 registou-se no estado de Rakhine uma perseguição em larga escala por parte do exército contra a minoria rohingya, que está a ser investigada pelas Nações Unidas por genocídio.

Novos confrontos têm abalado este estado desde que o Exército Arakan atacou as forças de segurança em novembro, pondo fim a um cessar-fogo respeitado desde o golpe da junta em 2021.

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Turk apelou ao fim dos combates e à proteção da população, assim como às partes em confronto que permitam o “acesso humanitário imediato e sem obstáculos“.

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O responsável instou ainda os combatentes a respeitarem “plena e incondicionalmente o direito internacional, incluindo as medidas já ordenadas pelo Tribunal Internacional de Justiça para a proteção dos rohingya”.