O cabeça de lista do Livre às europeias participou esta segunda-feira numa espécie de saída de campo com biólogos na Praia da Adraga, concelho de Sintra. Durante o percurso Francisco Paupério defendeu a polémica Lei do Restauro da Natureza.
O cenário era em Sintra: de um lado a serra, do outro a praia e, no meio, uma vasta área em que a biosfera coexiste com pequenas produções agrícolas e com o crescente turismo. E foi aí que o cabeça de lista do Livre às eleições europeias de 9 de junho passeou durante o início da tarde, numa espécie de saída de campo com outros biólogos do partido para sublinhar a importância da Lei do Restauro da Natureza, a legislação da União Europeia (UE) para restaurar zonas naturais degradadas e cuja votação tem estado em suspenso.
Por cada euro que investirmos no restauro da natureza, temos oito a 20 euros de retorno. Até do ponto de vista económico, tem que haver uma valorização dos serviços do ecossistema e estamos aqui no primeiro dia a alertar para isso”, explicou aos jornalistas.
A lei foi aprovada pelo Parlamento Europeu em fevereiro, com 329 votos a favor, 275 contra e 24 abstenções, e em março deveria ter sido votada para aprovação final, mas acabou por não ir a votos depois de a Hungria ter retirado o apoio, pondo em causa a aprovação.
“O Livre, quando for eleito para o Parlamento Europeu, vai defender esta lei e vai, ao máximo, tentar que seja aprovada no parlamento e no Conselho Europeu”, disse.
O vale da Adraga, local escolhido para a visita, é exemplo do papel que a UE pode ter no conservação e restauro da natureza, considerou Francisco Paupério, que foi também ouvindo dos especialistas que o acompanharam, como Pedro Leitão, como naquela zona convergem várias frentes, entre a biosfera e as produções agrícolas.
“Vemos, neste caso, que consegue estar tudo em harmonia — a conservação e a produção agrícola”, começou por referir, apontando duras críticas à política agrícola comum, que diz ter promovido, sobretudo, a agricultura intensiva.
“Do lado do Livre, o que podemos prometer é a defesa dos pequenos agricultores, dos investimentos na agricultura familiar e nos pequenos e médios agricultores, porque também são esses que vão conservar os locais e que percebem a importância de conservar a biodiversidade e a geodiversidade do local, porque é isso que lhes vai dar o sustento e a qualidade das colheitas.
O turismo naquela zona é, no entanto, um desafio crescente e ao longo do percurso Pedro Leitão, especialista em ciências do mar, da terra e do ambiente explicava como ali a flora estava a ser ameaçada pelos passeios turísticos de jipe. Dúvidas houvesse, a comitiva cruzou-se com perto de uma dezena de veículos que subiam os trilhos para mostrar aos turistas a melhor vista para o mar. “O Livre não é contra o turismo sustentável, temos é de ter regras, porque conseguimos cá vir todos em segurança e em segurança também para a natureza”, explicou.
À beira mar, o cabeça de lista do Livre defendeu ainda a necessidade de destacar o oceano na política europeia e a criação de uma Comissão dos Oceanos, também para que Portugal assuma um papel “estratégico e central no desenvolvimento de biotecnologia marinha e conservação da biodiversidade”. “Algo de que, nos últimos anos, tem fugido e que nos permite negociar positivamente para os portugueses”, sublinhou.