A reviravolta frente à Espanha foi boa, a exibição de gala diante da Inglaterra ainda melhor. Apesar de estar naquele que era considerado como o “grupo da morte”, Portugal teve um arranque auspicioso no Europeu de Sub-17, ganhando os dois primeiros jogos com um rendimento que ficou na retina da imprensa estrangeira e dando um passo importante rumo aos quartos. No entanto, e também pela qualidade das equipas que faziam parte do grupo, era um passo importante e nada mais, de tal forma que, sendo necessária uma autêntica hecatombe para perder a qualificação, o primeiro lugar do grupo D era um cenário ainda em aberto. E era por isso que João Santos, selecionador Sub-17, apelava a esse sentimento para evitar qualquer deslumbramento.

É difícil ter os pés no chão onde Mora tanto talento: Portugal goleia Inglaterra e tem passagem quase garantida no Europeu Sub-17

“Não considero o percurso da França incoerente, acho que é o percurso natural num grupo como este. Qualquer um de nós pode estar sujeito ao tipo de resultados que eles tiveram. Nos jogos que tivemos, as equipas adversárias também foram criando oportunidades. Fomos um bocadinho melhores, conseguimos ser mais eficazes mas a este nível pode acontecer um resultado menos bom a qualquer equipa. Não nos podemos esquecer que a França há dois anos foi campeã da Europa e no ano passado foi finalista, portanto é uma equipa com muito talento, organizada, combativa. Vai-nos dar muito trabalho e vão fazer pela vida. Temos que estar atentos, não podemos facilitar em nenhum momento se queremos ter sucesso”, apontara.

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Eles jogam, nós ganhamos: Portugal bate Espanha no arranque do “grupo da morte” do Europeu Sub-17

Para Portugal não passar aos quartos, teria de perder por quatro golos frente à França e que a Inglaterra ganhasse à Espanha. No entanto, os cenários para segurar o primeiro lugar do grupo eram diferentes e mais alargados: ganhar à França, empatar com a França, perder com a França por um desde que a Inglaterra batesse a Espanha e até perder com a França por dois a marcar desde a Inglaterra batesse a Espanha. Para simplificar as contas, era não perder com a França e de preferência ganhar, sendo que esse cenário iria permitir fugir à Itália, que ganhou o seu grupo, e defrontar a Polónia nos quartos da competição. Não foi assim, foi dar ao mesmo. E, apesar do primeiro desaire na competição, Portugal passou no primeiro lugar.

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À semelhança do que aconteceu nos dois primeiros encontros, a Seleção Sub-17 não teve propriamente uma boa entrada em campo, com Sternal a deixar a primeira ameaça logo no terceiro minuto com um remate que acertou no poste da baliza de Diogo Ferreira. Mais tarde, Messi, avançado do Dijón, voltou a fazer estragos pela direita do ataque mas Meité falhou sozinho na área o desvio (23′). Não sendo um domínio acentuado ou assumido, a França estava melhor e inaugurou mesmo o marcador por Sternal após jogada de Messi, com os gauleses a subirem ao primeiro lugar do grupo pelo empate da Inglaterra (36′). No entanto, a vantagem só durou dois minutos: Rodrigo Mora voltou a ter uma receção de craque antes da assistência de trivela e Afonso Patrão, com um grande trabalho individual, ajeitou na área para fazer o empate (38′).

As contas voltavam a ficar do lado português e foram assim para o intervalo, altura em que a França lançou Molebe, o “herói” da partida frente à Espanha, em busca de nova vantagem que garantia não só a passagem mas também o primeiro lugar caso os britânicos não conseguissem desfazer o empate. Não tendo muitas oportunidades para isso mas sendo globalmente superior a uma equipa nacional que nunca conseguiu sair com perigo em transições como é habitual, um corte de Gabriel Silva acabou por tornar-se uma assistência para Molebe, que atirou cruzado na área para o 2-1 (81′). Questão? A Inglaterra estava a ganhar à Espanha, o que deixava Portugal na mesma a liderar o grupo, e essa vantagem até foi depois aumentada para 3-1, o que colocava a Seleção em perigo pela questão dos golos. No entanto, e entre duas grandes defesas de Diogo Ferreira com Molebe isolado na área e Bakola a tentar a meia distância, tudo acabou da melhor forma.