Arranca a campanha, arranca o tiro ao alvo. João Cotrim Figueiredo, coadjuvado por Rui Rocha, aproveitou o primeiro dia de campanha eleitoral para atirar aos adversários dos liberais nesta corrida às europeias. Num jantar-comício em Lisboa, o antigo presidente do partido não poupou ninguém, com Marta Temido e Sebastião Bugalho à cabeça.

De resto, Cotrim começou por apontar baterias a Marta Temido, acusando a socialista de ter “fugido aos debates” e, quando falou, não foi capaz de dizer mais do que “banalidades”. O liberal falou ainda do legado de Temido durante a pandemia, argumentando que, se a socialista não foi capaz de “manter o SNS sob o mínimo controlo” nessa altura, não será capaz de defender a Saúde na Europa. “Não funciona, lamento.”

O liberal atacou depois Sebastião Bugalho, assumindo, mais uma vez, ter saudades do “‘comentador Bugalho’”, que era “solto e irreverente” — o cabeça de lista da Iniciativa Liberal já tinha feito o mesmo no frente a frente com Bugalho organizado pelo Observador. Cotrim acusou depois o candidato da AD de ser titubeante na defesa da liberdade de expressão e, de forma irónica, prometeu ser o “primeiro subscritor” de um manifesto que venha a defender o regresso do comentador.

Sobre Tânger Corrêa, Cotrim recordou algumas das teorias da conspiração alimentadas pelo candidato do Chega já durante a pré-campanha e desafiou o embaixador a surgir mais vezes na campanha. “Apareça porque nos diverte.” Já de manhã, na primeira ação do dia, o cabeça de lista da IL tinha assumido que um dos objetivos do partido era “roubar votos” ao Chega e travar a trajetória ascendente do partido em eleições.

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O liberal reservou ainda duas críticas a Catarina Martins e a João Oliveira. No primeiro caso, João Cotrim Figueiredo acusou a bloquista de ser “euro-sonsa” e deu como exemplos as posições do Bloco sobre a Ucrânia, sobre o nuclear e sobre imigrações; no segundo caso, o liberal desafiou o comunista a “assumir-se” e a revelar as verdadeiras posições do partido em matérias como a defesa da Ucrânia e a integração no euro.

“A Europa que hoje já temos já foi melhor. Quem quer defender a Europa só pode fazer uma opção: liberal. Está na altura de reconhecermos que a Europa precisa de ser refundanda”, apontou o cabeça de lista da Iniciativa Liberal às eleições europeias.

“Temos a única visão coerente e global do projeto europeu. Queremos uma Europa que cresça, que seja próxima dos cidadãos, transparente, simples, uma Europa que defenda a liberdade de expressão e que resista a qualquer tentativa de a controlar. Estaremos na primeira linha de combate às derivas totalitárias ou iliberais.”

Rui Rocha desafia adversários a deixarem de ser “sonsos” sobre a Ucrânia

Depois de Cotrim, foi a vez de Rui Rocha assumir as despesas da casa. O presidente do partido começou por referir o facto de Portugal receber Zelensky e de como isso pode ser uma oportunidade para o país. “É uma oportunidade de darmos um sinal de apoio inequívoco aos ucranianos que lutam também pela liberdade na Europa.”

A partir desse ponto, Rocha partiu para o ataque e recordou as posições dos vários partidos sobre essa matéria. “O PCP abandonou o Parlamento português quando Zelensky falava. Eu não esqueço. Tenho memória. Nas vésperas da invasão da Ucrânia, lembro-me bem das palavras de Mariana Mortágua, subscrevendo Putin. Não sejam sonsos. Lembro-me bem. E lembro-me bem de como Catarina Martins punha toda a responsabilidade na Europa, como se Putin não tivesse nenhuma responsabilidade. Não sejam sonsos”, desafiou.

Rocha estendeu ainda a crítica a Tânger Corrêa, que tem defendido um acordo pela paz que não hostilize diretamente a Rússia. “Sabemos muito bem o que isso significa: a paz nos termos de Putin. A isso dizemos que não. Não são os aliados de Putin que vão decidir. “

O presidente da Iniciativa Liberal centra depois as atenções em Marta Temido e Sebastião Bugalho. “O PS não foi capaz de resolver o problema da Saúde em Portugal. Apela-se à Europa. Fuga de cérebros? Apela-se à Europa. E assim sucessivamente. Nada permite que abdiquemos das nossas responsabilidades. Não é uma responsabilidade exclusiva da Europa”, apontou Rocha. “Sebastião Bugalho não é muito diferente. Problema da Habitação? Inscrever a Habitação na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeu. Quantas casas vai construir? O que precisamos é de construir mais casas.”