O cardeal Tolentino de Mendonça afirmou este domingo em Braga que a igreja em Portugal é “chamada a ser Eucarística”, de “portas abertas” e privilegiando o “serviço amoroso à vida, em vez da rigidez dos juízos que excluem”.
Na homilia de encerramento do V Congresso Eucarístico Nacional, onde esteve na qualidade de enviado especial do Papa Francisco, D. José Tolentino de Mendonça destacou que a igreja em Portugal é “chamada a ser uma Igreja Eucarística”, ou seja, que “não se coloca a si mesma como prioridade” e “que valoriza a participação de todos os batizados, que reconhece o papel do ministério ordenado, que cuida dos seus pastores e os acarinha” e que “lê com profecia o lugar da mulher na Igreja”.
“A Igreja Eucarística é uma igreja de ‘portas abertas’, que se apresenta mais como experiência de serviço amoroso à vida, em vez da rigidez dos juízos que excluem”, salientou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, no discurso a que a agência Lusa teve acesso.
Para Tolentino de Mendonça, a igreja em Portugal é também “samaritana”. “Uma igreja que atualiza a linguagem da compaixão. Uma igreja de proximidade, não indiferente nem esquiva, mas capaz de fazer suas (…) as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e todos aqueles que sofrem”, destacou.
Esta é uma igreja “especialista em humanidade que, como insiste o Papa Francisco, ‘não aponta o dedo, mas abre os braços'”, acrescentou.
“No ano em que celebramos 50 anos da democracia portuguesa, voltamos a celebrar o congresso eucarístico para repensar o contributo da Igreja na nossa sociedade em acelerada transformação”, afirmou o cardeal.
Para Tolentino de Mendonça, esta é a igreja que “experimenta desafios epocais tão grandes, como as alianças intergeracionais e interculturais a construir urgentemente no Portugal contemporâneo”.
“Uma aliança que garanta o pão do futuro para os jovens hoje cercados pela precariedade e o pão do amor para os mais velhos que não podem ser postos fora da equação social, porque já não são produtivos”, alertou o cardeal, propondo uma “aliança que assente na compreensão da diversidade cultural como um enriquecimento comunitário e não como uma barreira à coletiva maturação do bem comum”.
Tolentino de Mendonça reforçou ainda que o pão pode ser “o signo da desigualdade social, da inquietante ideologia da exclusão e do descarte”, mas também “pode ter o perfume da paz ou estar na origem dos inúteis conflitos tóxicos e das devastadoras guerras”. “O pão pode ser aquilo que une ou a ferida que violentamente separa”, constatou.
O V Congresso Eucarístico Nacional (CEN) começou na sexta-feira, 31 de maio, no Fórum Braga, em torno do tema genérico “Partilhar o Pão, Alimentar a Esperança”, contando com perto de 1.500 inscritos.
A missa insere-se, também, na Peregrinação Arquidiocesana ao Sameiro, que este ano ganha uma projeção especial por coincidir com o encerrar do congresso. O congresso de Braga antecede o 53.º Congresso Eucarístico Internacional, que se realiza em Quito, no Equador, de 08 a 15 de setembro, subordinado ao tema “Fraternidade para curar o mundo”.