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O ex-secretário-geral da CGTP Carvalho da Silva elogiou esta segunda-feira a posição do PCP sobre a Ucrânia, saudando a “coragem para lutar pela paz”, e criticou outros partidos pela “carga de leviandade” com que encaram mudanças geopolíticas em curso.

Num encontro de apoio ao cabeça de lista da CDU às europeias, João Oliveira, na Casa do Alentejo, em Lisboa, Manuel Carvalho da Silva disse ter ouvido os debates e lamentar que haja forças políticas que tratem “o perigo da guerra como se a guerra fosse ir a uma romaria”.

“Eu vejo isso com apreensão e é muito importante que se desmonte esta coisa. Esse foi um dos aspetos que me chamou a atenção porque é preciso coragem, e tens levantado às vezes a questão: é preciso coragem para lutar pela paz”, elogiou o antigo secretário-geral da CGTP.

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Carvalho da Silva afirmou que, quando houve personalidades políticas a dizer que é “preciso ser corajoso para ir para a guerra’, frisou que, para quem viveu a guerra, como ele, “sente uma enorme repulsa”.

“A guerra é a crise das crises, a invocação da guerra serve para eliminar tudo e mais alguma coisa de direitos às pessoas, aos cidadãos”, criticou, com João Oliveira a anuir que há “um distanciamento do discurso sobre a guerra”.

Há “a ideia de que é com mais armas e mais guerras que se chega à paz, como se isso fosse tudo uma realidade virtual, com um distanciamento tal que parece que é tudo uma realidade virtual, que não tem efeitos concretos na vida de cada um”, disse o cabeça de lista da CDU.

O antigo secretário-geral da CGTP concordou que “há uma carga de leviandade na abordagem das mudanças que estão em curso e do que pode acontecer”, advertindo que o “mundo está debaixo de uma dinâmica do ponto de vista geopolítico e geoestratégico de impactos enormíssimos”.

Depois, Manuel Carvalho da Silva criticou quem faz o “discurso demagógico” de dizer que “Portugal tem de contribuir para que a Europa seja uma potência que dispute, no plano tecnológico e em todos os planos, a situação à escala global”.

O ex-secretário-geral da CGTP considerou que isso “é uma tontaria e uma leviandade”, e criticou em particular as declarações de Aníbal Cavaco Silva este domingo, que disse que é preciso que Portugal tenha uma “voz credível” no Parlamento Europeu.

“A Europa em 15 anos distanciou-se em relação às dinâmicas tecnológicas à escala global. O que está aí não é uma Europa potência, o que é preciso é criar convergência, que leve a União Europeia a ter identidade própria, menos dependência e não ser cilindrada neste processo de dinâmicas geopolíticas e geoestratégicas”, defendeu.

É por isso que, segundo disse, é hoje essencial que haja forças políticas “com coragem de remar contra a maré, de questionar”: “Assumir a realidade hoje é imprescindível e a realidade não se assume criando um discurso ‘mainstream’ e não se saindo desse círculo”, disse.

Manuel Carvalho da Silva advertiu que, na prática, há hoje muitos direitos humanos que estão a ser postos em causa pelo próprio Ocidente e defendeu que a União Europeia deve defender esses “valores culturais, diversos”.

“Não podemos ser contraditórios, olhar distraídos para o que se passa com os dramas da Palestina e dos palestinianos, em particular, ou na guerra da Ucrânia, ficarmos a discutir a guerra numa de belicismo, em vez de numa procura de responsabilidade”, disse.

Nesta conversa, o ex-secretário-geral da CGTP foi questionado pelos jornalistas sobre como é que encara os primeiros três meses de Governo, e aproveitou para criticar as propostas fiscais do executivo, salientando que o que as famílias mais pobres recebem com o Banco Alimentar vale mais do que o que foi anunciado pelo Governo.

“Isto é que dá que pensar: que país é este, em que os direitos dos cidadãos são substituídos por esmola?”, disse.