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O executivo norte-americano vai levantar a proibição de fornecimento de armas dos Estados Unidos à brigada de resistência ucraniana Azov. O Departamento de Estado referiu num comunicado na segunda-feira que as proibições já não têm fundamento, tendo em conta as características atuais da brigada ucraniana.
O Batalhão Azovtal, determinante na defesa da siderurgia Azovstal em Mariupol — que acabou por cair em mãos russas depois de semanas de resistência do batalhão ucraniano —, tinha suscitado algumas questões e críticas há cerca de dez anos, nomeadamente das Nações Unidas e das autoridades norte-americanas, relativas a violações dos direitos humanos, de xenofobia, de racismo e de ultranacionalismo, por parte de alguns dos fundadores da organização militar, avançou o jornal americano Washington Post.
Azov. Neonazis ou propaganda russa? A história e a ideologia do batalhão que resistiu em Mariupol
A proibição estava associada à Lei Leahy (em homenagem ao seu autor, o ex-senador Patrick J. Leahy), revista em 2011. A legislação impossibilita o apoio militar americano a grupos estrangeiros ligados a possíveis violações graves dos direitos humanos.
A partir deste momento, o grupo passa a poder receber apoio militar norte-americano como qualquer outra unidade ucraniana.
“Após uma análise minuciosa, a 12ª Brigada Azov das Forças Especiais da Ucrânia foi aprovada no exame Leahy realizado pelo Departamento de Estado dos EUA”, declarou o órgão estatal em comunicado, após não ter encontrado “nenhuma prova” de tais violações.
Às portas do verão, as tropas da região estão cada vez mais a precisar de recursos militares e humanitários para enfrentar uma intensa ofensiva russa no leste do país e em centrais energéticas.
Relativamente a quando foi levantada a restrição, ou se já começaram a receber o material, nem o Departamento de Estado norte-americano nem a direção da Azov ou Kiev responderam às questões, referiu o Washington Post.
Segundo o executivo ucraniano, se as restrições tivessem sido levantadas mais cedo, o combate à ofensiva russa em 2022 poderia ter sido mais eficaz.
Já o presidente russo, Vladimir Putin, desde o início do conflito que acusa o grupo Azov de ser racista e neonazi, utilizando o argumento como uma das suas justificações para a guerra. É necessário “desnazificar, desmilitarizar e neutralizar” a Ucrânia, afirmou Putin na conferência anual em Moscovo de 2023.
Contrapondo, a brigada refere que abandonou essas associações e que os seus comandantes alteraram completamente a sua posição desde essa altura.
A brigada ficou conhecida na Ucrânia e no mundo como a última resistência do país na cidade de Mariupol. Porém, Kiev ordenou em 2022 que as tropas restantes na área se rendessem às forças russas como forma de garantir a sua sobrevivência. No início de maio desse ano, mais de 900 membros permaneciam em cativeiro.
A expressão “Libertem Azov” tornou-se um grito comum nos protestos em Kiev.
No ano passado, os sobreviventes de Azovstal treinaram e interrogaram mais de 5 mil novos combatentes, recrutados em cerca de dois meses.
As doações dos Estados Unidos à brigada também estavam restritas, até então. O Departamento já esclareceu que tais já não se aplicam.