Vários ministros do parlamento italiano envolveram-se num confronto físico, na quarta-feira, depois de um deputado do Movimento 5 Estrelas (M5E), ter abordado o ministro dos Assuntos Regionais e Autónomos, Roberto Calderoli, numa aparente tentativa de o abraçar com uma bandeira da Itália.

O incidente ocorreu durante um debate sobre os planos do governo (uma coligação de direita entre a Liga de Salvini, os Irmãos de Itália de Meloni e a Força Itália de Berlusconi), para introduzir uma nova lei que daria às 20 regiões de Itália maior autonomia sobre a forma como gastam as respetivas receitas fiscais. Uma medida controversa e criticada por, na opinião de alguns, poder acentuar as desigualdades entre a região norte do país (onde as receitas fiscais são mais elevadas) e as regiões mais pobres e disfuncionais do sul de Itália.

Durante o debate, o deputado do M5E terá tentado abraçar o ministro com uma bandeira do país, como gesto de protesto para apelar à união nacional. As imagens captadas mostram que assim que Donno aborda o ministro, os seguranças tentam impedir o contacto entre os dois, enquanto o presidente da assembleia, Lorenzo Fontana, que acaba por interromper a ordem de trabalhos. apela a que se mantenha a ordem na câmara.

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Os deputados encararam o comportamento de Donno como uma provocação, e envolveram-se num aceso confronto. Enquanto o ministro consegue afastar-se ileso, o deputado Igor Iezzi, membro da coligação de direita, tenta por várias vezes atingir Donno na cabeça, que acaba por cair no chão instantes depois. Nas imagens não é, contudo, claro se a tentativa de Iezzi de atingir o deputado do M5E foi bem sucedida.

Donno, que teve de ser assistido por paramédicos e transportado de cadeiras de rodas para fora do hemiciclo, prometeu apresentar queixa: “Recebi pontapés e murros de Iezzi, Candiani, Cangiano, Amich e Mollicone. Os golpes no meu esterno tiraram-me o fôlego. Desmaiei, mal conseguia respirar. Estava assustado”, diz em declarações ao jornal Corriere della Sera. Foi, depois, submetido a exames médicos no hospital e teve alta.

Os deputados de direita contam uma história diferente. Massimo Bitonci, do partidoo Liga de Salvini e que estava na bancada do governo a assistir, afirma não ter visto murros, “apenas empurrões”. Federico Mollicone, dos Irmãos da Itália, lembra que “o gesto escandaloso e desrespeitoso foi o de Donno” e, quanto aos murros em causa, afirma que tudo não passou de um exagero: “[Donno] atirou-se para o chão e fez uma cena”.