A ministra da Juventude e Modernização disse esta quinta-feira que o Governo está disponível para apoiar a associação Acreditar e crianças com cancro, e assegurar que a lei do esquecimento, proibindo práticas discriminatórias aos sobreviventes da doença, seja aplicada.

“O Governo está obviamente disponível para vos apoiar (…), para apoiar estas crianças, estas famílias, estes jovens”, afirmou a ministra Margarida Balseiro Lopes, acrescentando o apoio visa também garantir que “as leis que são feitas depois são verdadeiramente implementadas, nomeadamente a lei do esquecimento”.

A governante, que falava na reabertura da casa de Lisboa da Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, referia-se à legislação que reforça o acesso ao crédito e contratos de seguros por pessoas que tenham superado ou mitigado situações de risco agravado de saúde ou de deficiência, proibindo práticas discriminatórias e consagrando o direito ao esquecimento.

“Não me vou esquecer, e na sequência disso nos próximos meses vamos conversar”, adiantou a ministra, reforçando aos dirigentes da associação que o executivo está disponível “para o que precisarem”.

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Para Margarida Balseiro Lopes, a Acreditar “é uma palavra de gratidão e de admiração por aquilo” que tem feito ao longo de 30 anos, no apoio a crianças, jovens e famílias num período que ninguém gostará de viver, agradecendo à instituição e aos parceiros.

“É assim que devemos trabalhar, em rede, sem prejuízo daquela que é a responsabilidade que o Estado tem e não deve falhar”, salientou a governante social-democrata, reiterando que o Governo valoriza muito este trabalho “feito pela sociedade” e da necessidade de trabalharem “todos no mesmo sentido”.

O Presidente da República, na impossibilidade de estar presente, por “desencontro de agendas”, enviou uma mensagem sinalizando que, “no ano em que se assinala o 30º aniversário, a casa de Lisboa é reinaugurada depois das obras de alargamento”, significando “mais famílias e mais crianças apoiadas”.

“Não poderei estar fisicamente presente, mas o meu pensamento está convosco, com as crianças que vivendo com cancro encontram na Acreditar um ambiente mais acolhedor, mas também mais apoio para as suas famílias, apoio emocional, apoio material, financeiro e jurídico, e apoio nas atividades de lazer, apoio na escola e apoio logístico”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, prometendo “uma visita logo que possível”.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), agradeceu aos fundadores da associação o trabalho desenvolvido, recordando quando chegado de Beja levou “um murro no estômago” ao dizerem-lhe que a irmã “tinha um tumor”, sentimento que “deixa sem forças, sem capacidade” e que hoje o persegue.

O presidente da Acreditar, João de Bragança, frisou que a obra “obedece a uma necessidade, não a um capricho, a uma vaidade”, quando se fala de “famílias fragilizadas, por causa de um diagnóstico de cancro num filho pequeno ou jovem, de famílias que tiveram que se separar e viver numa cidade longe de casa”.

O dirigente destacou o apoio dos parceiros, bem como o trabalho da equipa da associação, que apesar da Covid-19 ou das obras, “nunca deixou de estar ao lado da comunidade para quem” existe.

A Casa Acreditar de Lisboa reabriu com o aumento de 12 para 32 quartos, destinados a acolher gratuitamente famílias deslocadas para acompanhar crianças e jovens adultos em tratamento nos hospitais da grande Lisboa, principalmente o Instituto Português de Oncologia (IPO).

A obra de ampliação, para um edifício contíguo, cedido pela Câmara de Lisboa, orçou em cerca de 3,5 milhões de euros, e desde que entrou em funcionamento, em 2003, passaram pela casa em frente ao IPO 1.695 famílias, a maioria da Madeira, Açores, Algarve e Alentejo, e também dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Além de Lisboa, a Acreditar possui ainda a Casa de Coimbra, com 20 quartos, e do Porto, com 16 quartos, junto aos centros de referência em oncologia pediátrica, estando também presente na Madeira, em parceria com o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.