Uma hecatombe para os conservadores britânicos. É esse o resultado que uma megasondagem divulgada pelo Telegraph prevê, indicando que as próximas eleições no Reino Unido, marcadas para dia 4 de julho, podem trazer uma novidade histórica: Rishi Sunak pode ser o primeiro primeiro-ministro da história a falhar a eleição para o Parlamento do país.

Se as eleições fossem hoje, indica a sondagem, os tories sofreriam um rombo de centenas de lugares, perdendo 312 deputados e passando a contar apenas com 53 assentos no Parlamento — uma diferença muito considerável relativamente aos 365 lugares que elegeram na última eleição, em 2019. A essa seguiram-se várias demissões e substituições no Governo (Boris Johnson formou Governo em 2019 e saiu em 2022, tendo tipo como sucessores Liz Truss e Rishi Sunak) que não parecem, segundo estas previsões, ter agradado ao eleitorado. De tal forma que, entre os assentos perdidos, estaria, de acordo com o Telegraph, o do próprio Sunak, assim como “três quartos” dos elementos do atual Executivo.

A mudança radical no tabuleiro político britânico faria disparar a votação nos trabalhistas: o Labour, agora liderado por Keir Starmer, que se tornaria neste cenário primeiro-ministro, passaria a ter 516 lugares no Parlamento, mais 314 e que tem atualmente. Por isso mesmo, o Telegraph recorda anúncios que o próprio partido Conservador tem colocado nas redes sociais, em que admite a hipótese de o Labour conseguir “a maior maioria que alguma vez teve”, dramatizando ao máximo o resultado destas eleições e da potencial “super-maioria” trabalhista.

Sunak também tem admitido o risco de uma pesada derrota, tendo passado, nos seus discursos, a apelar ao voto nos tories para evitar que os trabalhistas tenham em mãos um “cheque em branco” e que possam “mudar as regras para estarem no poder durante muito tempo” e “fazerem o que quiserem com o nosso país”.

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Outro risco assumido pelos conservadores passa por os Liberais Democratas tornarem-se uma força da oposição muito relevante. Nesta sondagem, não ultrapassam o partido de Sunak, mas ficam muito perto dos seus resultados projetados — neste cenário ganhariam 39 assentos, passando a contar com 50 deputados, apenas menos três do que os conservadores.

O mesmo estudo prevê que o Reform, de Nigel Farage, não consiga eleger qualquer deputado, e que o SNP (o partido nacional escocês) perca quarenta deputados, elegendo apenas oito.

As enormes mudanças no panorama político britânico são previstas por uma sondagem da empresa Savanta, que fez entrevistas a 18 mil pessoas — cerca de dez vezes a amostra habitual, explica o Telegraph — entre os dias 7 e 18 de junho.

[Já saiu o sexto e último episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro, aqui o quarto episódio e aqui o quinto episódio.]

Apesar de esta ser a sondagem que prevê um cenário mais dramático para os conservadores (e uma vitória de maiores proporções para os trabalhistas), outros estudos têm apontado consistentemente para uma derrota de grandes proporções para o partido de Sunak. E por isso, como explica o Politico aqui, tem aumentado a especulação sobre o que poderão ser os próximos passos do atual primeiro-ministro — e se esses planos incluirão a casa de luxo, avaliada em 7,2 milhões de dólares (6,7 milhões de euros), que tem em Santa Monica, na Califórnia, Estados Unidos.

As ligações do primeiro-ministro tornaram-se motivo de conversa e de provocação nesta campanha eleitoral — como também explica o Politico, “mandar Sunak para a Califórnia” tornou-se uma espécie de mote para a oposição.

Sunak chegou, de facto, a viver e e trabalhar naquele estado norte-americano, tendo estudado na universidade de Stanford, conhecido a sua mulher e gerido um fundo de investimentos em Santa Monica. Ainda assim, e apesar das especulações de que antigos colegas de Stanford terão oportunidades lucrativas para lhe propor na Califórnia, Sunak tem desmentido que esteja a planear voltar se perder as eleições (e, de acordo com esta última previsão, perder o próprio lugar de deputado).

Em 2022, Sunak foi muito criticado quando se soube que tinha tido um visto norte-americano, que permite que tenha uma residência permanente nos EUA, até 2021, enquanto era deputado (devolveu-o antes da primeira viagem oficial aos Estados Unidos como ministro do governo britânico).