O ministro da Defesa, Nuno Melo, defendeu esta sexta-feira à Lusa que o Governo “vai investir mais nas Forças Armadas” e que tem como prioridade “melhorar as condições de recrutamento e retenção” dos militares, oferecendo “melhores salários”.

“Não tenho dúvidas nenhumas de que nos últimos anos se tem investido muito pouco nas Forças Armadas. E enquanto ministro da Defesa a minha preocupação, desde o primeiro dia, tem sido de investir muito mais, (…) temos de melhorar as condições de recrutamento e retenção e isso passa por militares melhores pagos e melhores remunerados”, disse Nuno Melo, no âmbito de uma visita à 2ª edição do evento Artex, organizado pelo exército português, no campo militar de Santa Margarida, em Constância, no distrito de Santarém.

O ministro enfatizou a importância de canalizar recursos para as Forças Armadas e melhorar as condições dos militares, oferecendo melhores salários e reconhecendo a “especificidade da condição militar”.

O ministro considera que a atratividade da carreira militar passa não só pelo aumento dos salários, mas também “pelos suplementos, pelo alojamento, pela compatibilização da vida militar e familiar, e pela capacidade de investir em melhores equipamentos”.

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“Só assim é possível garantir a dignificação da carreira militar”, disse o ministro.

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Nuno Melo reiterou ainda o objetivo de atingir os 2% do PIB na área da defesa nacional até 2029, referindo que esse objetivo terá de ser feito de forma faseada, para “não comprometer as finanças públicas”.

“Temos de nos aproximar dos compromissos da Nato e isso implica um investimento de 2% do PIB na área da defesa. A meta está traçada e foi anunciada pelo primeiro-ministro. Até 2029 teremos esse montante mínimo, e esse compromisso será feito faseadamente, tendo em conta as possibilidades orçamentais”, explicou.

O ministro defendeu ainda que a dimensão política tem de dar resposta aos principais problemas que afetam as Forças Armadas, nomeadamente na questão dos recursos humanos, referindo que o Ministério da Defesa já identificou, juntamente com o Exército, as principais lacunas do setor e que “agora é tempo de concretizar resultados”.

O ministro alertou ainda que o investimento nas Forças Armadas é um processo longo, referindo que é impossível passar de um contexto de “desinvestimento crónico de muitos anos” para um contexto de “investimento total, num país que “não tem recursos ilimitados”.

O ministro marcou presença no Exercício “Army Technological EXperimentation (Artex) uma iniciativa direcionada para o tecido empresarial, tecnológico e académico, com o objetivo de modernizar o Exército português.

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Segundo o exército, o evento pretende, entre outros objetivos, potenciar “as atividades de investigação e desenvolvimento de entidades públicas e privadas do Sistema Científico e Tecnológico Nacional e da Base Tecnológica e Industrial de Defesa”.

O major-general Maia Pereira, num discurso de apresentação da iniciativa, explicou que este evento representa “o futuro do Exército português” e apelou aos centros de investigação, à indústria e às universidades para olharem para a defesa “como uma oportunidade de modernizar o país”.

Segundo Maia Pereira, esta iniciativa permite criar uma “cultura de parceria e planeamento” de forma a “preparar os militares para o futuro”.

O Artex 2024 tem também como objetivos promover o desenvolvimento da força terrestre, promover a partilha de conhecimentos e assegurar o controlo do campo de batalha.

Foi ainda divulgado que o Exército tem atualmente mais de 100 projetos e subprojetos que vão permitir modernizar o exército em diversas áreas, nomeadamente nas forças pesadas, médias e ligeiras, no transporte terrestre, nas operações especiais, nas reservas de guerra, entre outros.