A Human Rights Watch defendeu esta quinta-feira que a América Latina, Estados Unidos e Europa devem reforçar o seu escrutínio à Venezuela “antes, durante e nas semanas seguintes ao dia das eleições” presidenciais, apontando violações e irregularidades contra a oposição.
“Os governos estrangeiros devem acompanhar de perto as eleições e condenar publicamente quaisquer medidas adicionais que possam minar o direito de voto, incluindo novas detenções e desqualificações arbitrárias, alterações indevidas nos boletins de voto e intervenções governamentais arbitrárias no funcionamento dos partidos políticos da oposição”, defendeu esta organização não-governamental (ONG) em comunicado.
Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve manter-se “atento ao processo eleitoral na Venezuela e estar preparado para tomar novas medidas com base nos relatórios da equipa técnica eleitoral”.
A ONG denunciou “detenções de membros da oposição, as desqualificações arbitrárias de candidatos da oposição e os esforços para restringir ainda mais o espaço cívico prejudicaram gravemente o processo eleitoral na Venezuela”.
As eleições decorrem num contexto de anos de violações sistemáticas dos direitos humanos por parte do governo e de uma grave crise humanitária que obrigou cerca de oito milhões de pessoas a abandonar o país”, frisou.
Juanita Goebertus, diretora para as Américas da Human Rights Watch (HRW), lembrou que “embora as eleições na Venezuela dificilmente sejam livres ou justas, os venezuelanos têm a melhor oportunidade em mais de uma década de eleger o seu governo, e a comunidade internacional deve apoiá-los”.
“Os Estados Unidos, o Brasil, a Colômbia e a União Europeia deveriam utilizar todas as ferramentas diplomáticas ao seu dispor para proteger o direito de voto dos venezuelanos”, frisou.
A oposição tem denunciado que o regime de Caracas está a aplicar medidas autoritárias contra as suas atividades e condenou a detenção de colaboradores, assim como o encerramento de estabelecimentos comerciais por onde passa o candidato González Urrutia, substituto da vencedora das primárias opositoras de outubro de 2023, María Corina Machado, impedida judicialmente de se apresentar ao escrutínio presidencial.
A HRW denunciou que o “processo eleitoral foi marcado por violações e irregularidades dos direitos humanos que mantiveram o campo de jogo desigual”, com o Supremo Tribunal a “impor líderes que apoiam o governo aos partidos da oposição, minando a autonomia dos partidos”.
O grupo jurídico pro bono Foro Penal informou que 114 pessoas foram detidas em casos de motivação política em 2024, 102 estão ligadas a Machado e González, e 77 destas detenções ocorreram após o início da campanha política a 04 de julho, realçou a ONG no comunicado.